29/04/2006 - Brasília
– Para engenheiro agrônomo do Fórum
Matogrossensse de Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Formad), James Cabral, o incidente com agrotóxicos
em Lucas do Rio Verde (MT), segundo maior
produtor de grãos do país, mostra
que é preciso repensar o modelo do
agronegócio que utiliza veneno em larga
escala. Há cerca de dois meses, a cidade
foi pulverizada por uma nuvem de agrotóxicos.
"Esse incidente demonstra
que precisamos refletir sobre esse tipo de
agricultura que é feita no Brasil hoje.
É necessário se mudar a base
tecnológica, é necessário
se pensar em tipos de produção
que usem tecnologias mais limpas, menos agressivas
ao meio ambiente e conseqüentemente não
façam mal a nossa saúde",
diz. O engenheiro esteve na cidade sete dias
após a ocorrência, a pedido do
Departamento de Saúde Coletiva da Universidade
Federal de Mato Grosso.
Em companhia do doutor Wanderley
Antonio Pignati, eles fotografaram e coletaram
amostras das plantas atingidas, entrevistaram
autoridades municipais, chacareiros e moradores
e encaminharam ao Ministério Público
local a denúncia para que fosse instaurado
inquérito civil. Eles também
elaboraram a notificação encaminhada
às autoridades sanitárias do
estado e do governo federal.
Segundo ele, a Secretaria
de Agricultura do município sabia do
problema, mas até então não
tinha feito nenhuma ação junto
à vigilância sanitária
para identificar a origem e o tipo do produto.
"O que revela um profundo descaso com
a saúde da população",
conclui. O engenheiro relatou que nem a prefeitura
nem a Secretaria de Saúde fizeram um
levantamento mais aprofundado sobre o caso.
"Isso demonstra efetivamente que a prefeitura
não se preocupou que no caso desse
veneno."