04/05/2006 - Porto Velho
– O arcebispo de Porto Velho, Dom Moacir Grecki,
disse que é preciso observar o "ponto
de vista social e ético" do projeto
de construção de duas usinas
hidrelétricas no Rio Madeira. Segundo
ele, apesar da Igreja não ter uma posição
técnica, defende que "realmente
sejam feitos estudos sérios sobre a
garantia do não-prejuízo ambiental
e dos povos ribeirinhos ou atingidos pela
água".
Grecki disse que ainda não
há um posicionamento unânime
da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) sobre o complexo do Rio Madeira,
mas que a Igreja está preocupada com
o futuro das populações que
vivem às margens do rio e dependem
da pesca para sobreviver.
Ainda segundo Grecki, o
próprio governo deveria promover reuniões
com as comunidades que serão atingidas
com a construção das hidrelétricas
para esclarecer dúvidas. "Isto
porque os benefícios para a localidade
às vezes são pura ilusão.
Às vezes, mesmo quem mora perto da
usina não tem luz em casa", afirmou.
A CNBB lançou hoje
(4) a edição 2005 do caderno
de conflitos no campo para marcar a abertura
das discussões sobre o Complexo Rio
Madeira entre organizações não-governamentais,
movimentos sociais e governo.
Elaborado pela Comissão
Pastoral da Terra, a coleção
traz uma coletânea dos problemas agrários
enfrentados por populações indígenas,
quilombolas e trabalhadores sem-terra na região
Norte do país.
O encontro das ONGs e movimentos
sociais sobre o complexo Rio Madeira termina
no sábado. Amanhã, os debates
vão contar com a participação
de representantes de Furnas Centrais Elétricas
e dos ministérios do Meio Ambiente
e Minas e Energia.