06/05/2006 - Porto Velho
– Cerca de 2 mil pessoas que vivem às
margens do Rio Madeira, em Rondônia,
poderão desalojadas com a construção
das usinas hidrelétricas de Santo Antônio
e Jirau, conforme prevê o projeto da
construção do complexo. A população
ribeirinha vive da pesca e com o empreendimento
terá que deixar suas casas, que serão
inundadas com a construção da
barragem.
Floriza dos Santos Sá,
de 53 anos, que mora com filhos e netos há
mais de 30 anos à beira do Rio Madeira,
disse que não tem condições
de pagar aluguel se tiver que sair. "É
bom a gente morar na beira do rio. Para quem
é carente e não tem emprego
fixo, a comida na mesa é certa todos
os dias".
Os impactos sócio-ambientais
do complexo do Rio Madeira foram discutidos
em Porto Velho em encontro que reuniu várias
organizações não governamentais
(ONGs) e movimentos sociais, terminado hoje
(6).
Ativistas reunidos no encontro
alertaram que podem ocorrer problemas ambientais.
"As represas que estão previstas
atingem o conjunto da Bacia do Rio Madeira,
o maior afluente do rio Amazonas", diz
Luiz Fernando Novôa, representante da
Rede Brasileira de Integração
dos Povos (Rebrip). "Ou seja, o Rio Amazonas
está em risco também. Os seus
delicados equilíbrios colocados há
milhares de anos podem ser abruptamente destruídos."
O coordenador do grupo de
trabalho (GT) interministerial Usinas do Rio
Madeira, Telton Correia, disse que o projeto
tem um complexo processo de licenciamento
ambiental. O pedido de licenciamento ambiental
foi encaminhado ao Brasileiro do Meio Ambiente
e Recursos Naturais (Ibama) em junho do ano
passado e no início desse ano, o órgão
pediu estudos complementares, que já
foram entregues e agora estão sendo
analisados. Contudo, fez garantias de que
o governo está atento às medidas
propostas pelos empreendedores para minimizar
os impactos sócio-ambientais.