04/05/2006 - Porto Velho
(RO) – Indígenas, trabalhadores rurais
sem-terra, pessoas atingidas por barragens
e representantes de organizações
não-governamentais (ONGs), como o Greenpeace
e Amigos da Terra, fizeram hoje (4), no Rio
Madeira, em Porto Velho (RO), uma "barqueata"
contra a construção das usinas
hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau.
Em meio ao balé de
botos, os barcos navegaram pelo rio até
as corredeiras de Santo Antonio, onde será
construída a barragem da hidrelétrica.
Balões com a inscrição
"Deixe a natureza em paz" foram
soltos na água.
Segundo o coordenador do
fórum de debates de energia de Rondônia,
Iremar Antonio Ferreira, que representa as
ONGs e os movimentos sociais – contrários
ao empreendimento –, pelo menos 45 municípios
e 22 terras indígenas serão
atingidas e três mil pessoas terão
que ser remanejadas das margens do rio.
"Barrar o Rio Madeira
hoje significa comprometer uma diversidade
cultural de populações indígenas,
populações ribeirinhas, agricultores,
que dependem da várzea para o plantio
e para o seu sustento, além de comprometer
o ecossistema, principalmente, a reprodução
de peixes", acrescentou Irimar Ferreira.
O projeto das usinas foi
desenvolvido por Furnas Centrais Elétricas
em parceria com a construtora Norberto Odebrecht.
O pedido de licenciamento ambiental foi encaminhado
ao Ibama em junho do ano passado e no início
desse ano, o órgão pediu estudos
complementares, que já foram entregues
e agora estão sendo analisados. Para
o engenheiro Acyr Gonçalves, da coordenação
ambiental de Furnas, o projeto é viável,
tanto do ponto de vista econômico quanto
ambiental e social. Ele explicou que a implantação
do complexo prevê um conjunto de medidas
para diminuir os problemas que podem acontecer.
O encontro – que discute
as conseqüências do complexo com
organizações não-governamentais
e movimentos sociais – continua amanhã
e no sábado, com a participação
de representantes dos ministérios do
Meio Ambiente e de Minas e Energia.