03/05/2006
- Brasília – Levantamento do Ministério
da Educação (MEC) mostra que
em três anos o número de indígenas
matriculados em escolas públicas aumentou
40% em todo o país. Em 2005, cerca
de 164 mil índios estavam na escola,
enquanto em 2002 eram cerca de 117 mil. Nesse
período, o número de escolas
indígenas no Brasil também cresceu:
passou de 1,7 mil para 2,3 mil.
Os números foram
apresentados durante encontro em Brasília
promovido pelo Ministério da Educação
em parceria com o Conselho Nacional de Secretários
de Educação (Consed). O objetivo
da reunião é discutir avanços
e identificar desafios, para contribuir para
a melhoria da educação indígena
em todo o país.
"São muitas
ações do governo federal, principalmente
a partir de 2003, que estão ajudando
os estados a desenvolver a educação
escolar nos territórios indígenas.
Um reflexo disso, em termos numéricos,
é um crescimento muito expressivo da
matrícula e do número de escolas
em funcionamento", avaliou o coordenador-geral
de Educação Escolar Indígena
da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade
(Secad) do MEC, Kleber Gesteira.
Um dos participantes da
reunião é o professor Joaquim
Paula de Lima Kaxinawá, da aldeia Mucuripe,
localizada no município de Tarauaká,
no norte do Acre. Para ele, um dos 15 integrantes
da Comissão Nacional de Educação
Escolar Indígena, ligada à Secad,
o principal desafio é adequar o ensino
às particularidades de cada povo indígena.
"Todos os povos têm
a sua diversidade, a sua filosofia, e isso
tem que ser respeitado, tem que ser analisado",
disse o professor, que concluiu o ensino superior
este ano, com licenciatura em Ciências
Sociais pela Universidade Estadual do Mato
Grosso. "A escola não pode chegar
às aldeias para atrapalhar a convivência
desse povo, mas ajudar na manutenção
da cultura", acrescentou.
Segundo o professor, apesar
dos desafios, tanto no âmbito federal
como no estadual há avanços
importantes que têm possibilitado a
melhoria da qualidade do ensino indígena,
como a capacitação de professores.
"Hoje tem muitos programas oferecendo
a formação em ensino em superior,
que não seja só o ensino da
escrita e leitura, mas também o ensino
da política daquele povo", destacou.
De acordo com Kleber Gesteira,
mais de 220 povos indígenas contam
com escolas nas aldeias. Para ele, a educação
escolar indígena é um grande
desafio no Brasil. "São mais de
180 línguas indígenas em uso
ou necessitando de fortalecimento e tudo isso
informa currículos muito diversificados
para cada uma dessas escolas de cada um desses
povos".
O encontro em Brasília
começou hoje e termina amanhã
(4), dentro da programação da
1ª Reunião Ordinária de
2006 da Comissão Nacional de Educação
Escolar Indígena, que foi aberta ontem
(2) e vai até sexta-feira (5).
Educação
indígena deve receber R$ 24 milhões
este ano
03/05/2006 - Brasília
– O Ministério da Educação
(MEC) deverá investir este ano cerca
de R$ 24 milhões em educação
indígena. Desse total, R$ 18 milhões
serão aplicados na construção,
reforma e ampliação de escolas
indígenas em todo o país. Os
cálculos são do coordenador-geral
de Educação Escolar Indígena
da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade
(Secad) do MEC, Kleber Gesteira.
De acordo com ele, o restante
deverá ser usado na formação
e capacitação de professores,
assim como para apoiar estados, municípios,
universidades federais e organizações
não-governamentais a produzir material
didático específico para os
povos indígenas, entre outras ações.
"Tem uma ação
decisiva do governo federal que apóia
o desenvolvimento da educação
escolar indígena em todos os estados
da federação que têm comunidades
indígenas", salientou o Gesteira,
durante encontro para discutir os avanços
e desafios relacionados à educação
escolar indígena, em Brasília.
A reunião é
promovida pelo MEC, em parceria com o Conselho
Nacional de Secretários de Educação
(Consed). Para a vice-presidente do Consed,
Maria Auxiliadora Seabra Rezende, o volume
de investimentos em educação
escolar indígena tem crescido consideravelmente
nos últimos anos.
"Se voltarmos a dois,
três anos atrás, o volume de
recursos empregados na educação
indígena, do ponto de vista federal,
eram ridículos, entre R$ 400 mil e
R$ 800 mil. No ano passado tivemos mais de
R$ 20 milhões", destacou.
No entendimento da vice-presidente,
um dos desafios é fazer com que não
haja retrocesso e que os recursos para a área
aumentem cada vez mais: "A nossa preocupação
é com a continuidade, porque temos
muitos desafios na área de educação
indígena."
Para o Consed, a melhoria
na área envolve investimentos em três
pontos considerados centrais: a formação
de professores, a produção de
material didático específico
e a estrutura física das escolas. No
caso do material didático, por exemplo,
Maria Auxiliadora observa que muitos indígenas
ainda têm acesso aos livros usados por
não-índios.
Segundo ela, estados como
Bahia, Tocantins e Mato Grosso já têm
produção de material didático
para cada etnia. "O grande desafio que
nós estamos estabelecendo é
a produção de um material que
seja direcionado, que seja de acordo com a
realidade indígena", explicou
Maria Auxiliadora, que é secretária
de Educação do Estado do Tocantins.
O encontro em Brasília
começou hoje e termina amanhã
(4), dentro da programação da
1ª Reunião Ordinária de
2006 da Comissão Nacional de Educação
Escolar Indígena, que foi aberta ontem
(2) e vai até sexta-feira (5).