03/05/2006
- Brasília – O envolvimento do governo
e da sociedade pode controlar e diminuir os
danos causados pelas espécies exóticas
invasoras no Brasil. É o que avalia
o gerente de projeto da Secretaria de Biodiversidade
e Florestas do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), Lídio Coradin. Foram identificadas
543 espécies exóticas invasoras
no Brasil como preocupantes para a economia
e meio ambiente em publicação
disponibilizada na página do ministério
na internet.
"O mais importante
é organizar uma efetiva parceria entre
os diversos setores governamentais, não-governamentais,
com os acadêmicos científicos
e a iniciativa privada", diz Coradin
em entrevista à Agência Brasil.
Ele ressalta que o problema é global
e que merece uma atenção de
cada país.
Animais, plantas ou microorganismos
são classificados como espécies
exóticas invasoras quando, levados
para outro ecossistema que não o de
origem, podem se disseminar de forma desordenada
e causar prejuízos à saúde
humana e à economia, além de
provocar transformações irreparáveis
na fauna e na flora locais. Dentre as espécies
que causam risco estão o javali, o
mexilhão-dourado, o caramujo-africano,
tipos de pinheiros e de capins africanos.
O prejuízo brasileiro foi estimado
em mais de USS 50 bilhões.
No site do ministério
há um panorama sobre as ações
de combate ao avanço dessas espécies.
Os estudos concluíram que existem 176
espécies de organismos que afetam o
ambiente terrestre, 66 no ambiente marinho,
49 que afetam águas continentais, 155
nos sistemas de produção – agricultura,
pecuária e silvicultura – e 97 que
prejudicam a saúde humana. Até
o fim do ano serão divulgados mais
detalhes sobre cada uma das espécies
e os problemas causados por elas.
As ações apontadas
por Coradin para evitar ou controlar as incidências
de invasores no país são: a
identificação e localização
das principais espécies, avaliação
dos impactos ambientais, levantamento dos
projetos já realizados ou em andamento,
criação de mecanismos de controle,
monitoramento, prevenção e erradicação.
Para o gerente do MMA, as
espécies invasoras entram por "várias
portas", que são difíceis
de serem controladas e fiscalizadas. Segundo
Coradin, mais de 70% das espécies chegam
por meio do homem, quando, por exemplo, ele
cria um animal originário de outro
país no Brasil ou transporta uma planta
de uma região brasileira para outra.
Há também
os animais trazidos em cascos dos navios,
além das espécies que se deslocam
naturalmente. "As espécies exóticas
invasoras estão mais presentes nos
estados brasileiros banhados pela costa, bem
como os que fazem limite com outros países
e os que são cortados por rios. Os
estados do interior do país têm
uma situação um pouco mais privilegiada",
explicou Coradin.
Ele informou que na África
do Sul há um programa global sobre
espécies exóticas invasoras
e conta com uma parceria entre dez países
representativos para juntos tratarem de algumas
estratégias de combate. "Seria
uma forma de, com outros países, avançarmos
para resolvemos de uma maneira mais organizada
esse problema."
Ano passado, a ministra
Marina Silva propôs a criação
da Câmara Técnica Permanente
sobre Espécies Exóticas Invasoras,
responsável pela definição
de ações de prevenção
e controle. A proposta da câmara deve
ser votada pela Comissão Nacional de
Biodiversidade (Conabio) no mês que
vem.