04-05-2006 - São
Paulo (SP) - Apesar da tentativa de o governo
norte-americano enfraquecer o relatório,
tornando-o público antes do tempo,
para o Greenpeace os dados revelados mostram
a necessidade de urgência no combate
às mudanças climáticas
O governo norte-americano
resolveu tornar pública uma versão
preliminar de um dos relatórios ainda
em revisão do Painel Internacional
sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
que indica que o clima da Terra está
sofrendo uma transformação dramática
devido às ações humanas
e que seus efeitos são muito mais sérios
do que o que se imaginava.
O Greenpeace questiona a
intenção do governo norte-americano
em tornar o relatório público
antes de sua versão final, mas ao mesmo
tempo considera que as informações
contidas no mesmo instam os governos de todo
o planeta a tomarem medidas muito mais incisivas
para controlar as emissões mundiais
de gases de efeito estufa e evitar uma catástrofe
no futuro.
O processo de revisão
dos relatórios do IPCC é sigiloso,
restrito aos governos e a especialistas em
mudanças climáticas, até
o lançamento de sua versão final.
“O sigilo nessa fase de revisão tem
gerado relatórios consistentes e sólidos.
Expor o relatório não finalizado
aos céticos da ciência indica
a intenção de sabotar o processo
e colocar em cheque os resultados ainda preliminares
do documento, uma referência para as
negociações internacionais do
regime de clima da Terra”, afirmou Carlos
Rittl, coordenador da Campanha de Clima do
Greenpeace.
Apesar disso, os novos dados
evidenciam claramente que as ações
humanas têm um impacto significativo
sobre as mudanças climáticas
e que seus efeitos são muito mais sérios
do que se imaginava. “Isso coloca contra a
parede todos aqueles que têm responsabilidade
mas que não deram nenhuma contribuição,
que não assumiram nenhum compromisso
para combater o problema”, acrescentou Rittl.
O Greenpeace considera que,
mesmo que as informações do
relatório ainda estejam sujeitas a
uma ampla revisão dos governos e dos
cientistas, são suficientes para tornar
ainda mais urgentes a adoção
de medidas imediatas para combater as mudanças
climáticas. “Se todos os governos do
mundo não forem muito mais efetivos
nas negociações internacionais,
se não assumirem compromissos muito
mais profundos, o planeta poderá em
poucas décadas enfrentar catástrofes
de enormes proporções, com perdas
de milhões de vidas humanas, extinção
de milhões de espécies e perdas
econômicas incalculáveis”, enfatizou
Rittl.
Isso impõe
a necessidade de maior contribuição
de todos, inclusive dos países em desenvolvimento,
como o Brasil. “Devemos diminuir nossas emissões
e combater o desmatamento de forma sistemática
e incisiva, hoje reponsável por cerca
de 75% dos gases de efeito estufa que o país
emite para a atmosfera”, concluiu Rittl.