10/05/2006
- Brasília – Professores e alunos da
Faculdade de Tecnologia da Universidade de
Brasília (UnB) assistiram, hoje à
tarde, o segundo debate sobre o Projeto de
Integração da Bacia do São
Francisco às Bacias dos Rios Intermitentes
do Nordeste Setentrional, denominado Projeto
São Francisco. O empreendimento tem
como principal objetivo garantir o abastecimento
de água para 12 milhões de pessoas
em 390 municípios de quatro estados:
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará.
O coordenador técnico
do Projeto São Francisco, engenheiro
João Urbano Cagnin, destacou que o
projeto tem caráter indutor e que sua
implantação deve atrair investimentos
da iniciativa privada, em razão da
garantia do suprimento de água. O empreendimento
representará uma melhor gestão
da água, por meio da sinergia hídrica,
explicou.
Sinergia hídrica
é um conceito técnico, segundo
o qual o grande volume de água dos
açudes – que hoje se perde pela evaporação,
nos anos secos, ou pelo vertimento, em anos
chuvosos – será reaproveitado permanentemente
para diferentes usos. Os açudes não
precisarão mais permanecer cheios na
expectativa de que o próximo ano seja
de seca. Quando esses açudes forem
recarregados pela água das chuvas,
as bombas do Projeto São Francisco
serão desligadas. E só serão
religadas quando for necessário, ou
seja, nos anos secos.
Cagnin lembrou que o rio
São Francisco é a fonte perene
de grande volume mais próxima do Nordeste
setentrional, portanto o menor investimento
da sociedade para dar segurança hídrica
a uma população que sofre com
um antigo problema.
Nabil Eid, da UnB, ressaltou
que a melhoria da gestão da água
é um ponto inequívoco, que trará
ganhos para a região beneficiada. O
reitor em exercício Edgar Mamiya afirmou
que a exposição de idéias
e o debate eram enriquecedores, ainda mais
por tratar-se de um tema extremamente relevante.
O evento, realizado no auditório
da Faculdade de Tecnologia da UnB, contou
com as presenças do reitor em exercício
da UnB, Edgar Mamiya, e do diretor em exercício
da Faculdade de Tecnologia, Fernando Jorge
Rodrigues Neves. O mediador do debate foi
o professor Sérgio Koide, do Departamento
de Engenharia Civil. Como debatedores, participaram
o professor Nabil Joseph Eid, também
do Departamento de Engenharia Civil, e o engenheiro
João Urbano Cagnin.
O primeiro debate sobre
o Projeto São Francisco foi realizado
no dia 19 de abril, em Porto Alegre, na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O terceiro
será no dia 16 de maio, em São
Paulo, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas
do Estado de São Paulo (IPT), com a
participação conjunta de unidades
de pesquisa de engenharia e geociências
da Universidade de São Paulo (USP).
O quarto e último será no dia
24 de maio, no Rio de Janeiro, na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Projeto São Francisco
captará, abaixo da barragem de Sobradinho,
26 metros cúbicos de água por
segundo, ou seja, 1,4% da vazão mínima
garantida na foz do rio São Francisco.
A água captada será levada para
os estados de Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte e Ceará através
de dois canais, que, juntos, terão
aproximadamente 640 quilômetros de extensão.
O projeto está pronto para ser iniciado,
mas suas obras civis só serão
executadas depois que o Supremo Tribunal Federal
(STF) julgar uma liminar, concedida pela Justiça
Federal da Bahia, que impede o começo
dos serviços.