11/05/2006 - Brasília
– Em 50 anos, a Amazônia poderá
ser reduzida à metade e seis grandes
bacias hidrográficas regionais perderão
mais de 60% da cobertura florestal. Esse cenário
foi apontado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental
da Amazônia (Ipam), caso não
sejam adotadas medidas que promovam o desenvolvimento
sustentável local.
A estimativa está
na conclusão do projeto Cenários
para a Amazônia, desenvolvido pelo instituto
e apresentado hoje (11) no encontro A Amazônia
e a Nova Economia global: como Gerir o Desmatamento
em uma Nova Era?, iniciado ontem (10).
Segundo o diretor do Ipam
e coordenador do projeto, Daniel Nepstad,
grande parte da depredação e
da redução de recursos naturais
na Amazônia poderia ser evitada por
meio de um "bom planejamento, do fortalecimento
de grupos que têm propostas de desenvolvimento
sustentável da região e por
meio de negociação". Ele
observou que "novas práticas de
gestão ambiental poderão se
ramificar na região e com isso fortalecer
os grupos para elaboração de
propostas mais coerentes e mais factíveis"
Na avaliação
do diretor do Programa Nacional de Florestas
do Ministério do Meio Ambiente, Tasso
Azevedo, que participou do encontro, existem
maneiras de adequar a questão econômica
à preservação florestal
da Amazônia. "As políticas
que estão sendo propostas tentam estabelecer
a idéia de usar a floresta sustentavelmente.
A lei de gestão de florestas públicas
prevê isso, assim como as políticas
voltadas para as populações
tradicionais e o fortalecimento delas, os
mecanismos de crédito focados na questão
da atividade sustentável. Ou seja,
fortalecer as políticas que façam
com que a floresta em pé valha a pena",
argumentou.
Azevedo citou o exemplo
de uma reserva extrativista onde, em vez do
desmatamento, há a exploração
sustentável da borracha, com a extração
de látex, e a produção
de castanha: "São todas formas
de extrair produtos da floresta, mas com as
árvores em pé, ou seja, sem
desmatar e utilizando esses produtos para
então gerar renda e emprego. Se você
tem esse mecanismo que gera renda com o uso
da floresta, ele faz com que você não
deseje tirar a floresta para depois poder
plantar alguma coisa e, posteriormente, gerar
renda".
Ainda de acordo com o diretor
do Programa Nacional de Florestas, até
as madeireiras podem realizar o manejo sustentável.
"Numa área de mais ou menos um
hectare, equivalente a um campo de futebol,
que tem cerca de mil árvores jovens
e umas duzentas adultas, poderão ser
extraídas de cinco a seis árvores
adultas a cada 30 anos", disse.