Somente
no Brasil, 13 novas espécies de animais
e plantas estão sob risco de extinção
Belém, 08 de maio
de 2006 — Foi lançada, nesta quarta-feira
(03), pela União Mundial para a Natureza
(IUCN), a Lista Vermelha de Espécies
Ameaçadas, considerada o principal
guia sobre espécies em extinção
do mundo. Para elaborar a publicação,
a IUCN utiliza-se de três categorias
para avaliar as espécies ameaçadas:
criticamente em perigo, em perigo e vulnerável.
A lista, que inclui 721 espécies de
animais e plantas que ocorrem no Brasil, teve
um aumento de 13 novas espécies em
relação à última
versão da lista.
A última lista indicava
que 52 espécies que ocorrem na região
amazônica estavam ameaçadas de
extinção, entre elas três
anfíbios, dez espécies de aves,
cinco de répteis, 33 espécies
de mamíferos e uma espécie de
besouro. A mais recente revisão divulgada
pela organização incluiu quatro
novas espécies marinhas ameaçadas
nesta região, o peixe serra (Pristis
pectinata), o cação-quati (Isogomphodon
oxyrhynchus), o tubarão martelo pequeno
(Sphyrna tudes) e a raia-de-Colares (Dasyatis
colarensis).
Por outro lado, algumas
espécies amazônicas, que antes
estavam em risco, foram re-avaliadas e foram
rebaixadas na categoria de ameaça.
A ave joão-rabudo (Synallaxis kollari)
e o tatu-canastra (Priodontes maximus) saíram
da categoria "Em Perigo" para a
categoria "Vulnerável", e
o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
foi retirado da lista de espécies ameaçadas.
Para o analista de biodiversidade
da organização não-governamental
Conservação Internacional (CI-Brasil)
Adriano Paglia, “a redução do
status de ameaça pode indicar tanto
que esforços conservacionistas estão
surtindo efeito quanto o aumento do conhecimento
científico sobre a espécie,
descobrindo, por exemplo, outros locais onde
a espécie ocorre e novas populações
em áreas bem preservadas, como é
o caso de muitas regiões da Amazônia”.
A raia-de-Colares, que tem
ocorrência no estuário do Rio
Amazonas, é uma espécie relativamente
nova e ainda pouco conhecida pela Ciência,
e entrou para a lista na categoria vulnerável
devido à pressão que a espécie
vem sofrendo por parte dos pescadores artesanais
e pelos navios pesqueiros que atuam na região
do Marajó. Além da pressão
humana, está é uma espécie
com uma baixa taxa reprodutiva (apenas um
filhote por ano), o que compromete a sua existência
em áreas sob grande pressão.
O peixe serra (Pristis pectinata),
espécie que pode atingir mais de cinco
metros de comprimento, apresenta ampla distribuição
geográfica, tanto na costa amazônica
quanto no Mar Mediterrâneo. Este peixe
foi completamente eliminado ou teve suas populações
drasticamente reduzidas em diversas regiões
de sua distribuição original,
muito provavelmente pela pesca predatória.
As populações remanescentes
desta espécie são pequenas,
estão isoladas e a espécie foi
classificada na nova lista como criticamente
ameaçada globalmente.
O tubarão quati (Isogomphodon
oxyrhynchus), atinge cerca de 1,5 metro de
comprimento e habita águas costeiras
no norte da América do Sul. Suas populações
têm diminuído drasticamente devido
à captura acidental em redes de pesca.
Tal fato, associado à baixa capacidade
reprodutiva da espécie e a sua distribuição
restrita, justificam sua inclusão na
categoria de criticamente ameaçada.
Outro tubarão martelo (Sphyrna tudes),
também sofre o mesmo tipo de ameaça.
Entre as 784 espécies
que foram declaradas completamente extintas,
onze são do Brasil. Das 65 declaradas
extintas na natureza, ou seja, existem apenas
em cativeiro, duas são brasileiras.
A principal causa que contribui para a extinção
das espécies de plantas e animais é
a perda de habitat, problema que afeta mais
de 80% dos mamíferos, pássaros
e anfíbios ameaçados.
"Para reverter o crescimento
do número de espécies ameaçadas
será preciso aumentar os esforços
em pesquisas e garantir a proteção
da biodiversidade na Amazônia e nos
demais ecossistemas brasileiros", diz
o gerente do programa Amazônia CI-Brasil,
Enrico Bernard.