17/05/2006
- Manaus (AM) - Os ambientalistas estão
convocando a população de Santarém
(PA) para participar, no próximo domingo,
de um protesto "Pela floresta em pé
e contra a violência", em respostas
às agressões sofridas por ativistas
do Greenpeace que há uma semana estão
no município. O clima entre eles e
os produtores de soja é tenso e há
risco de novo confronto – como os ocorridos
no último fim de semana, que deixaram
três ecologistas internacionais e um
fotógrafo santareno feridos.
"Vai ser uma caminhada
de manhã pela cidade, organizada pelo
GTA [Grupo de Trabalho Amazônico, rede
que reúne 600 entidades de toda a Amazônia
brasileira], pelo Sindicato de Trabalhadores
Rurais e pela Frente de Defesa da Floresta
[articulação local]", explicou
hoje (20) o coordenador do Programa de Áreas
Protegidas da Campanha Amazônia, André
Mugiatti.
A Campanha Amazônia
existe desde 1998, quando o Greenpeace instalou
um escritório em Manaus (AM). "Agora
estamos centrados na luta contra a soja, que
não convie com a floresta, que exige
agrotóxicos", detalhou Mugiatti.
"Ela não tem participação
majoritária no desmatamento, mas mobiliza
capital e tem grande potencial destruidor".
Os sojeiros questionam essa
visão, alegando que há interesses
internacionais nas manifestações
do Greenpeace. "Nós sabemos o
que está por trás disso: é
o interesse dos países ricos, o me
da concorrência da soja produzida no
meio oeste do Pará. Ela representa
uma ameaça maior do que a soja do Mato
Grosso, porque está perto do porto
exportador (a multinacional Cargill constriu
um terminal graneleiro em Santarém)",
argumentou o presidente do Sindicato de Produtores
Rurais de Santarém, Adinor Batista.
"Temos hoje em Belterra e Santarém
59 mil hectares de plantação
de arroz, contra 25 mil hectares de soja.
Por que ninguém protesta contra o arroz,
contra o milho?".
Batista afirmou que alguns
produtores sugeriram organizar um protesto
contra o Greenpeace e a favor da soja, simultâneo
à manifestação dos ambientalistas.
"A gente conseguiu fazê-los mudar
de idéia. Podemos ter nossa caminhada,
sim, mas no dia e horário que nós
acharmos melhor".