19/05/2006 - Manaus - O
navio Arctic Sunrise, da organização
não-governamental ambientalista Greenpeace,
está desde as 8h30 de hoje (19) bloqueando
o terminal graneleiro construído pela
multinacional norte-americana Cargill em Santarém.
Os ativistas protestam contra o avanço
da cultura da soja na Amazônia e contra
a construção do terminal sem
estudos de impacto ambiental.
Eles estão cercados
por produtores de soja, que ameaçam
invadir a embarcação – até
o momento, os policiais militares conseguiram
impedir os confrontos. "Há um
grupo de sojeiros ao redor da gente fazendo
ameaças. Ameaças pessoais, de
que vão nos matar, de que vão
nos pegar no hotel, na rua", revelou
o coordenador da Campanha Amazônia do
Greenpeace, Paulo Adário, que está
dentro do navio e falou com exclusividade
à Radiobrás . "Nós
já recebemos uma notificação
da guarda portuária dizendo que temos
que sair, que estamos infringindo a legislação
brasileira. Reconhecemos o fato de que a polícia
terá que fazer o seu papel, mas estamos
fazendo o nosso. Quem tem que sair daí
é esse porto, que é ilegal".
Adário contou que
o protesto começou quando ativistas
escalaram uma ponte de descarga de soja e
estenderam nela uma faixa com os dizeres "Fora
Cargill". Eles também tentaram
subir em uma torre de recepção
de grãos.
Enquanto isso, o navio do
Greenpeace se posicionou próximo ao
local em que as balsas de soja fazem o descarregamento,
impedindo o funcionamento do terminal. "Os
ativistas que estavam no terminal foram detidos
e levados à Polícia Federal
e à Polícia Civil (há
estrangeiros no grupo). Alguns deles foram
atingidos com canhões de água,
mas ninguém ficou gravemente ferido",
relatou Adário.
Enquanto ele dava a entrevista
por telefone, podia-se ouvir o barulho de
rojões. "Agora eles começaram
a soltar rojões em direção
ao barco. Vamos nos trancar aqui e resistir,
mas não revidaremos, porque nossos
protestos não são violentos".