18/05/2006
- Agência FAPESP - Ao falar do papel
da imprensa, Vírgilio Viana, em seu
novo livro, vai direto ao ponto considerado
fundamental não apenas por ele. “Existe
uma tendência em dar mais atenção
para as crises ambientais e sociais do que
para as experiências destinadas a superá-las.
E isso é ruim, porque a impressão
que se passa é a de que não
temos alternativas para combater os descaminhos
do atual estilo – insustentável – de
desenvolvimento”, afirma.
Viana, atual secretário
de estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do Amazonas, deixa claro
em seu comentário sobre a mídia
que acredita ser possível alterar o
rumo. É o que fica claro em seu mais
recente livro, As florestas e o desenvolvimento
sustentável na Amazônia (Editora
Valer).
“É possível
desenvolver a economia de toda a região
amazônica a partir da floresta em pé,
e não transformada em pasto ou campo
para a agricultura”, disse Viana, também
professor da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de
São Paulo, à Agência FAPESP.
“Não apenas dizimamos o pau-brasil
como reduzimos a Mata Atlântica a menos
de 5% do que existia em 1500. A mesma história
está se repetindo na maior floresta
tropical do planeta. Começou com o
garimpo do pau-rosa e desde 2001 estamos desmatando
mais de 2 milhões de hectares por ano”,
afirma.
Ao passar do diagnóstico
para o futuro, o livro não deixa de
apontar os serviços ambientais que
a Amazônia pode oferecer. O caminho
ideal, segundo o autor, seria buscar integrar
as esferas locais e regionais ao processo
de desenvolvimento econômico e social
almejado no plano nacional. Em termos práticos,
explica Viana, isso pode ser obtido pela jardinagem
florestal participativa ou pela valorização
dos saberes etnoecológicos.
Do mundo teórico
para o prático, o exemplo ainda mais
citado – e talvez no futuro seria importante
que vários outros surgissem – é
o da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
de Mamirauá. “Lá, se conseguiu
implementar sistemas de bom manejo florestal
e pesqueiro, que resultaram no aumento da
renda dos ribeirinhos”, lembra Viana. Parece
simples, e talvez seja mesmo.
Mais informações sobre o livro
com a Editora Valer: (92) 3633-6565.