Paulo Adário, coordenador da campanha
Amazônia do Greenpeace, sofreu ameaça
de morte dos sojeiros enquanto era detido
pela polícia. Os produtores gritavam
que ele não chegaria vivo à
delegacia.
“Empresas norte-americanas como a Cargill
estão devorando a Amazônia para
cultivar soja. A carne alimentada com essa
soja termina nas prateleiras dos supermercados
e restaurantes fast food pela Europa e outros
países. Nossos voluntários continuarão
a protestar pacificamente para proteger a
floresta tropical mais preciosa do mundo que
está sendo destruída para alimentar
frangos, porcos e vacas”, disse Paulo Adário,
coordenador da Campanha da Amazônia
do Greenpeace.
A soja é agora uma das causas principais
do desmatamento da Amazônia brasileira.
No total, uma área estimada em 1,2
milhão de hectares do que costumava
ser floresta já foi – em sua maioria
ilegalmente – destruída para o cultivo
de grãos de soja. Os sojeiros também
estão envolvidos em atividades ilegais
como apropriação de terra e
escravidão. (2)
Recentes investigações do Greenpeace
reunidas no relatório ‘Comendo a Amazônia’
(3) mostram que o porto da Cargill não
é apenas ilegal, como também
está sendo responsável por levar
soja de desmatamento ilegal para o mercado
mundial (4). Eles operam 13 silos no bioma
Amazônico – mais que qualquer outra
companhia.
“Empresas norte-americanas como a Cargill
devem parar de ver a Amazônia como um
lugar onde expandir seus negócios de
soja. Ao invés disso, devem vê-la
como uma das maiores florestas tropicais do
mundo que precisa urgentemente de proteção”,
disse Gavin Edwards, coordenador da campanha
de Florestas do Greenpeace Internacional.
A Cargill também não faz segredo
sobre o fato de ajudar a estabelecer sojeiros
na Amazônia, alguns dos quais, envolvidos
em outras atividades ilegais, como grilagem
e escravidão. A multinacional diz que
agora está fazendo esforço para
não comprar soja de sojeiros ligados
a trabalho escravo, desmatamento ilegal e
massivo, mas, em reunião com o Greenpeace
neste mês, a empresa se recusou a parar
de destruir a Amazônia.
Nas últimas semanas, o Greenpeace
fez ações na Europa contra importadores
de soja que importam da Cargill na Amazônia,
incluindo a tentativa de evitar que navios
de soja descarregassem em Amsterdã.
O Greenpeace exige que a Cargill e a indústria
alimentícia européia garanta
que a alimentação animal que
eles compram não contribua para a destruição
da Amazônia e que nenhum dos produtos
da soja deles seja geneticamente modificado.
NOTAS:
(1) Em fevereiro de 2006, o segundo mais
alto tribunal do Brasil decidiu contra a Cargill,
determinando que a empresa deve consentir
com a legislação brasileira
e fazer uma avaliação de impactos
ambientais não apenas para o porto
mas também para impactos nas regiões
vizinhas. A Cargill continua a lutar contra
essa determinação.
(2) A Cargill é a maior empresa privada
dos EUA, com receita de quase US$ 63 bilhões
em 2003. É, sem dúvida, a maior
no comércio global de grãos
e sistema alimentício, compra, transporte,
processamento de grãos, esmagamento,
refinaria e distribuição pelo
mundo.
(3) Uma cópia em inglês do relatório
“Comendo a Amazônia”, que documenta
os problemas da soja na Amazônia está
disponível em:
(4) Em um dos inúmeros casos do relatório,
a soja enviada para o terminal tem origem
na fazenda Lavras, que está em terras
ilegais e parte delas foi desmatada para o
cultivo de soja. O Greenpeace tem uma cópia
do contrato entre a Cargill e os proprietários
das fazendas, os irmãos Cortezia.