15/05/2006 - Brasília
- O barco de pesquisa Artic Sunrise, da organização
não governamental (ONG) Greenpeace,
está em Santarém, no Pará,
para promover uma campanha pela proteção
da Amazônia. Segundo a ONG, a chegada
do barco é uma resposta ao movimento
coordenado por produtores rurais de soja da
região contra a atuação
e a presença da entidade na Amazônia.
O coordenador de áreas
protegidas da Campanha de Proteção
da Amazônia do Greenpeace, André
Muggiati, disse que o objetivo da mobilização
é que "não haja mais produção
de soja dentro do bioma Amazônia, porque
a produção de soja envolve um
grande aporte de inseticidas e traz danos
ainda não estudados sobre o ecossistema
da Amazônia."
Além disso, a organização
trabalha para convencer mercados internacionais,
como o europeu, a deixar de comprar a soja
que está relacionada ao desmatamento
ilegal e com o trabalho escravo, como é
o caso da soja produzida na Amazônia.
"As lavouras de soja
têm provocado o desmatamento da floresta
amazônica", afirmou Muggiati. Segundo
ele, o índice de desmatamento na região
ainda é muito alto. No ano passado,
foram desmatados mais de 18 mil quilômetros
quadrados da floresta, o que corresponde a
cinco campos de futebol.
Muggiati disse que outro
fator que contribui para o desmatamento da
floresta amazônica é a falta
da presença eficaz do governo na região.
"O que o Greenpeace
defende para a região é maior
presença do governo brasileiro na região.
E também dos governos estaduais da
região amazônica, através
de órgãos como o Ibama [Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis], o Incra [Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária]
e a Polícia Federal, para combater
as causas do desmatamento, que são
a grande profusão fundiária
que existe na Amazônia e a grande rede
de ilegalidade relacionada com os crimes ambientais",
afirmou.
O representante do Greenpeace
ressaltou também a existência
de um movimento contra as ações
da ONG. Muggiati lembrou que eão sendo
distribuídos adesivos para carros com
a mensagem "Fora Greenpeace. A Amazônia
é dos brasileiros", além
de camisetas, outdoors e ataques pela mídia
local contra a organização.
Segundo ele, os ataques
ao Greenpeace intensificaram-se com o lançamento
do relatório "Comendo a Amazônia",
no início de abril. O relatório
afirma que a floresta está sendo destruída
para dar lugar à monocultura de soja,
usada para alimentar animais na Europa e atender
à demanda internacional por carne e
proteína barata.