19/05/2006
- Manaus (AM) – Dois rebocadores da Marinha
removeram há pouco o navio Arctic Sunrise,
da organização não-governamental
(ONG) Greenpeace, que desde as 8h30 de hoje
(19) estava bloqueando o terminal graneleiro
construído pela multinacional norte-americana
Cargill em Santarém (PA). Mas produtores
de soja, ambientalistas e policiais militares
alertam para risco de agressões aos
ativistas do Greenpeace.
"Os produtores de soja
invadiram o navio, obrigaram os voluntários
a se trancar no porão. A polícia
teve trabalho para retirá-los de lá",
contou o coordenador de campanha do Greenpeace,
Marcelo Furtado. "Agora nosso navio está
próximo à orla de Santarém
e a gente teme pela segurança de quem
está lá." Cerca de 25 pessoas
de várias nacionalidades estão
a bordo.
"Há um nervosismo
da população, principalmente
dos produtores rurais. Há pessoas ameaçando
invadir o hotel onde os ambientalistas estão
hospedados", declarou o presidente do
Sindicato de Produtores Rurais de Santarém,
Adinor Batista. Ele argumentou que o discurso
ambientalista da entidade é um pretexto
para esconder interesses internacionais comerciais,
que temem a concorrência da soja brasileira.
O comandante regional da
Polícia Militar em Santarém,
coronel Luiz Cláudio Ruffeil, confirmou
que a cidade está polarizada entre
ambientalistas e produtores de soja – e disse
que teme confrontos diretos. "Há
vários dias circulam carros com adesivos
[com a inscrição] ‘Fora Greenpeace!
A Amazônia é dos Brasileiros’.
Quando o navio chegou [no dia 11], a tensão
aumentou", lembrou. "No domingo,
os ambientalistas farão uma passeata.
E os produtores rurais também estão
organizando um protesto. Temos que estar lá
para impedir que haja violência."
Ainda segundo o coronel,
cinco ativistas estrangeiros do Greenpeace
já foram presos pela Polícia
Federal. Dois deles foram detidos no terminal
graneleiro, quando escalaram as torres de
recepção de soja da Cargill.
Os outros três teriam sido presos dentro
do navio.
"Vamos assumir as devidas
responsabilidades pelos nossos atos",
afirmou Furtado, do Greenpeace. "Queremos
continuar nosso trabalho de denúncia
do avanço da soja sobre a floresta,
sempre de forma pacífica."
A Radiobrás entrou
em contato com a sede da Polícia Federal
no município, mas não havia
delegados lá – e só eles são
autorizados a falar com a imprensa. A Cargill
informou que, por enquanto, não vai
se pronunciar sobre o assunto.