19/05/2006
- Mapas completos da hidrografia e da cobertura
vegetal referentes ao ano 2000 são
os primeiros resultados do Projeto Panamazônia
II, em desenvolvimento no Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão
do Ministério da Ciência e Tecnologia.
É a primeira vez que a floresta tropical
úmida da América do Sul ganha
um mapeamento neste nível de detalhe,
oferecendo uma ferramenta precisa para análise
técnica e científica. Com a
conclusão do Panamazônia, prevista
para o final de 2006, ficarão evidentes
as áreas desmatadas, o solo com rebrota,
a vegetação queimada, entre
outras características.
O Mapa da Hidrografia e
o Mapa da Cobertura Vegetal da Amazônia
Sul-Americana seguem uma base cartográfica
disponibilizada pela Nasa com reconhecida
qualidade tanto na escala regional (3.000.000)
quanto em escalas de maior detalhe (250.000
e 100.000). “Os temas dispostos foram extraídos
a partir de um procedimento único sobre
uma mesma base de dados podendo ser avaliado
ou repetido por terceiros, conforme recomenda
a metodologia científica. Diferem assim,
fundamentalmente, da grande maioria dos mapas
publicados, que foram frutos de trabalhos
de compilação de resultados
obtidos a partir de vários métodos
e de diferentes fontes de dados”, explica
Paulo Roberto Martini, coordenador do Panamazônia
II.
Os mapas foram desenvolvidos,
editados e disponibilizados em nível
digital com o suporte de fotointérpretes,
garantindo, assim, maior valor científico
agregado. “Pode-se afirmar a partir destes
primeiros resultados do Projeto que bases
temáticas panamazônicas tanto
para hidrografia quanto para vegetação
estão agora realmente disponíveis”,
adianta o pesquisador.
Metodologia
No Panamazônia II, a legenda dos mapas
finais irá contemplar Floresta, Floresta
Alterada, Cerrado, Rebrota, Área Queimada,
Desmatamento Total, Hidrografia, Nuvem, Cidade,
Estrada, Porto e Outros. Esta legenda, mais
completa, foi solicitação do
grupo executivo liderado pela Agência
Brasileira de Cooperação do
Ministério de Relações
Exteriores, que orienta a aplicação
de fundos de financiamento ao Projeto.
Para a obtenção
destes dois mapas iniciais, os pesquisadores
Valdete Duarte e Yosio E. Shimabokuro, da
Divisão de Sensoriamento Remoto do
Inpe, utilizaram os mosaicos ortorretificados
Geocover, com alta qualidade na geometria
dos temas mapeados. "O processamento
destes mosaicos consiste na geração
das imagens frações derivadas
do modelo linear de mistura espectral, com
o objetivo de realçar feições
de interesse e, ao mesmo tempo, reduzir a
dimensionalidade dos dados a serem processados",
explica Valdete Duarte. "A seguir procede-se
o fatiamento das imagens frações,
seguida da tarefa de edição
matricial, feita na tela do computador pelo
fotointérprete, que interfere corrigindo
o mapa obtido automaticamente pelo computador”,
completa o pesquisador.
Tendo a distribuição
da mata natural referente ao intervalo 1999-2000,
agora serão utilizadas as imagens Modis
do ano de 2005 para avaliar a perda, em cada
país, da floresta tropical úmida
ocorrida durante o período. A continuidade
do monitoramento global anual de toda a floresta
tropical úmida da América do
Sul, ou seja, a sistematização
do Projeto Panamazônia II, terá
como mapa base o produto final obtido com
as imagens de 2005. A partir daí, novas
imagens Modis serão inseridas na base
de dados para executar o monitoramento, inicialmente
anual, do desmatamento em toda região
do domínio panamazônico, que
compreende cerca de 7,7 milhões de
quilômetros quadrados.
Produtos gratuitos
O Projeto Panamazônia II é baseado
apenas em produtos gratuitos, como o software
Spring, imagens Modis e Geocover. O Inpe,
através de sua estação
em Cuiabá (MT), grava imagens diárias
do sensor Modis, que são gratuitas
e cobrem toda a área compreendida pela
floresta tropical úmida da América
do Sul. Estas imagens são georreferenciadas,
utilizando uma resolução espacial
de 250 metros no terreno. Os outros produtos
são gerados a partir do mosaico colorido
de imagens Landsat, o Geocover, disponibilizado
também sem custo pela Nasa, a agência
espacial americana. As imagens deste mosaico,
obtidas entre o período de 1999 e 2000,
são ortorretificadas e georreferenciadas
com resolução original de 14,25
metros. Para o Projeto Panamazônia II,
o pixel do mosaico Geocover foi reamostrado
para 100 metros. A geração dos
produtos de imagem está sendo feita
pelo pesquisador Egídio Arai, também
da Divisão de Sensoriamento Remoto
do Inpe.
Acesso aos Mapas
Os mapas em baixa resolução
bem como informações adicionais
sobre o Projeto estão disponíveis
no endereço www.dsr.inpe.br/panamazon.htm.
O acesso aos produtos em alta resolução
é feito clicando duas vezes nas mesmas
figuras.