15/05/206 - Brasília-
Elaborar políticas sustentáveis
de manejo para a fauna silvestre da Amazônia
é a proposta do seminário promovido
pelo Ministério do Meio Ambiente que
começou hoje (15) e vai até
sexta-feira (19) em Sobradinho (DF).
Participam do encontro representantes
de instituições de pesquisa
ambiental, técnicos em manejo de animais
silvestres da Amazônia para fins comerciais
e representantes ligados ao financiamento
de atividades florestais. Eles vão
discutir, dentre outros temas, meios para
a diminuição do tráfico
de espécies.
Segundo o presidente em
exercício do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Walmir Ortega, uma das formas para
se alcançar isso é criar alternativas
de planejamento para o manejo dessas espécies
no ambiente natural, como a produção
em cativeiro.
"Podemos desenvolver
um manejo a partir da coleta de ovos ou a
partir de outras técnicas que são
possíveis de derem feitas pela comunidade
local e agregar valor a essas espécies
da natureza assegurando a conservação
para esses animais. Ou seja, podemos estimular
comunidades a desenvolver algumas espécies
em escala comercial", afirmou.
Ele disse que na região
Centro Sul há expansão de criadouros
comerciais que produzem uma espécie
de jacaré em cativeiro com custo alto.
No Pantanal e na Amazônia, acrescentou,
há uma grande população
dessa espécie que poderia ser manejada
por comunidades locais, com custo de produção
mais baixo. "Isso geraria emprego e ocupação
para essas comunidades e abasteceria o mercado
de carne e pele de jacaré, por exemplo",
observou.
O coordenador de monitoramento
do Instituto Mamurauá da Amazônia,
João Valsecchi, trabalha há
sete anos com pesquisa para o desenvolvimento
sustentável de jacarés na Amazônia.
De acordo com ele, em agosto deste ano haverá,
pela primeira vez, um abate de 250 jacarés-açu
criados de forma sustentável.
"A reserva de desenvolvimento
sustentável Mamurauá tem uma
das maiores populações de jacaré-açu
da Amazônia. Anualmente, a população
local, que trabalha no instituto faz uma contagem
dos jacarés para saber quantos podem
ir para o abate. A partir de agosto, esses
dados vão ser usados para o abate legal
dos animais".
Ele disse que o seminário
é o "grande passo" para o
manejo de fauna silvestre no país,
além de ser uma maneira de "mostrar
à sociedade que a fauna pode ser um
recurso utilizado pelas populações
locais e que possui um mercado próprio".