21/05/2006
- Brasília – O clima está "tranqüilo"
na passeata organizada hoje (21) pela organização
não-governamental (ONG) Greenpeace
em Santarém (PA). A informação
é de uma das coordenadoras do ato,
Tatiana de Carvalho.
"Está sendo
um momento de desabafo e de mostrar que não
é todo o povo de Santarém que
tem a mesma opinião dos sojeiros. Existem
pessoas aqui que estão juntos com o
Greenpeace, contra o desmatamento, contra
a soja e a favor da produção
familiar", afirmou Tatiana em entrevista
à Agência Brasil.
Na última sexta-feira
(19), o navio Arctic Sunrise, do Greenpeace,
bloqueou o terminal graneleiro construído
pela multinacional norte-americana Cargill
em Santarém. O clima entre os produtores
de soja e os ativistas foi de tensão
e o navio foi removido do terminal por dois
rebocadores da Marinha. Segundo coordenadores
do Greenpeace, os sojeiros chegaram a invadir
o navio e obrigaram voluntários a se
trancarem no porão.
Os ativistas protestam contra
o avanço da soja na Amazônia
e contra a construção do terminal
sem estudos de impacto ambiental. Os sojeiros
alegam que o discurso ambientalista do Greenpeace
é um pretexto para esconder interesses
internacionais comerciais, que temem a concorrência
da soja brasileira.
Tatiana afirmou que a expectativa
do movimento é reunir cerca de 800
pessoas na passeata entre trabalhadores rurais,
pescadores, quilombolas, índios e ambientalistas.
"A gente está se concentrando
em frente ao mercadão municipal, no
estacionamento. Esse local foi escolhido por
ser um local público que simboliza
a produção familiar. É
aonde são comercializados os produtos
dos pequenos agricultores", destacou
a coordenadora.
O presidente do Sindicato
dos Produtores Rurais de Santarém,
Adinor Batista, disse à Agência
Brasil que a passeata "foi fraca"
e que amanhã (21) ele irá se
reunir com os produtores da região
para programar uma manifestação
em defesa da categoria e contra a presença
dos ativistas.
A passeata ocorre pela orla
de Santarém e termina em frente ao
terminal construído pela Cargill. "Vamos
servir comidas típicas aos manifestantes",
disse Tatiana. De acordo com ela, cerca de
100 policiais militares acompanham o ato.
Além do Greenpeace, organizaram a passeata
o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém,
a Frente de Defesa da Amazônia e o Grupo
de Trabalho Amazônico (GTA).