(26/05/2006)
- Preocupada com o avanço das voçorocas
na região sul fluminense, há
cinco anos a Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ),
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária-Embrapa, vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento iniciou no município
de Pinheral um projeto de recuperação
destas áreas degradadas. Desenvolvido
em parceria com a Embrapa Solos e o Colégio
Agrícola Nilo Peçanha, o projeto
tem por objetivo criar áreas modelos
para que possam ser multiplicadas por empresas
ou órgãos públicos para
tentar conter a degradação acelerada
das terras localizadas na Bacia Hidrográfica
do Rio Paraíba do Sul.
Para conter o avanço
das Voçorocas modelo, os pesquisadores
contaram com a ajuda dos alunos do Colégio
Agrícola Nilo Peçanha. Sob a
orientação de professores e
pesquisadores da Embrapa, foram construídas
paliçadas com material alternativo
como pneu velho e bambu para reduzir o impacto
das águas das chuvas nas voçorocas.
Além disso, foi preciso utilizar plantas
mais resistentes e que pudessem crescer nas
condições adversas daquele solo.
Para isso, foi empregada a técnica
de recuperação de áreas
degradadas desenvolvida pela Embrapa Agrobiologia
e que já vem sendo aplicada em diversas
regiões do Brasil.
A técnica consiste
no uso de bactérias fixadoras de nitrogênio
associadas a plantas da família das
leguminosas. Em laboratório, os pesquisadores
identificam as bactérias mais eficientes
e produzem as mudas de árvores com
esses microrganismos. Depois de uma seleção
das melhores mudas, as leguminosas são
plantadas em viveiros da Embrapa e encaminhadas
a área degradada.
A metodologia utilizada
é simples e vem rendendo resultados
animadores após estes cinco anos e
duas voçorocas revegetadas. A redução
da emissão de sedimentos por essas
voçorocas chega a 90% já no
primeiro ano e próximo a 98% após
cinco anos, em função das práticas
de contenção aliadas a maior
cobertura vegetal e deposição
de folhas e galhos pelas árvores, que
acaba formando uma espécie de “esponja”,
aumentando o tempo de permanência da
água no solo e reduzindo os efeitos
erosivos.
A produção
de sedimentos para o rio nessa região
é significativa e os resultados podem
ser vistos na turbidez das águas, assim
como nos problemas de assoreamento dos reservatórios
de Funil e do Sistema Light, que captam água
para o abastecimento de 70% da região
metropolitana do Rio de Janeiro, afetando
diretamente, cerca de 8 milhões de
pessoas.
Estima-se que no trecho
entre Barra Mansa e Japeri existam hoje aproximadamente
mil voçorocas. São cerca de
20 mil toneladas de solo retirados de cada
cratera e levados para o curso do rio. Para
se ter uma idéia do volume de terra,
pode-se dizer que são 2 mil caminhões
de aterro. Imaginando que esta situação
pode ser repetida mil vezes no trecho mencionado,
seriam 2 milhões de caminhões
de aterro depositados no rio Paraíba
do Sul ao longo do desenvolvimento da voçoroca.
Causas - Voçorocas são crateras
nos morros provocadas pela erosão devido
as fortes chuvas de verão. Quase sempre,
a causa está na retirada da floresta,
num solo susceptível a erosão,
sendo mal utilizado com atividade agrícola
desordenada, queimadas, pisoteio do gado em
fortes declividades, excesso de animais na
pastagem, que aliado a ação
das chuvas culmina nessa situação
mais extrema da degradação natural.