26/05/2006 - Na manhã
da quinta-feira, 25 de maio de 2006, três
viaturas da Polícia Federal (PF), com
oito policiais extremamente armados e um funcionário
da FUNAI, entraram na aldeia Lage Velho na
Terra Indígena Lage em Guajará-Mirim
(RO). Eles pretendiam resgatar o carro da
FUNAI que a comunidade havia apreendido na
tarde da segunda-feira passada, 22 de maio,
em protesto contra a volta do Sr. Dídimo
Graciliano de Oliveira para o cargo de administrador
da Funai no município.
O Sr. Dídimo, que
está a mais de 30 anos no cargo, é
acusado de várias irregularidades pelos
indígenas. Em fevereiro, ele havia
sido afastado da administração,
depois de uma manifestação dos
indígenas pedindo a sua exoneração
imediata, o que foi garantido num Termo de
Acordo assinado por representantes da FUNAI
de Brasília, lideranças indígenas
e Ministério Público Federal.
Os itens do acordo ainda não foram
cumpridos, o que deixa as lideranças
indígenas cada vez mais revoltadas.
Segundo os indígenas,
a ação da PF na aldeia foi arbitrária,
violenta e abusiva. A comunidade teria sido
ofendida moralmente por meio de agressões
verbais. Além disso, mulheres e crianças
teriam sido intimidadas com uso de armas.
As lideranças indígenas pretendem
fazer uma representação no Ministério
Público contra abuso de poder desta
ação da PF, realizada exatamente
quatro meses depois do trágico acidente
de trânsito, que matou 06 indígenas
e deixou 17 feridos do povo Oro Wari (Pakaa
Nova).
O sentimento na aldeia é
de revolta e de humilhação diante
da política “antindigenista” deste
país. Os indígenas não
sabem mais a quem recorrer, porque os seus
direitos garantidos na Constituição
Federal a cada dia são violados. Há
anos que eles denunciam as violências
que ocorrem nesta Terra Indígena, tais
como: roubo de madeira, espancamento do cacique,
assassinato de uma idosa, etc. Já pediram
providência do Ministério Público
Federal e da Polícia Federal para apurar
esses fatos, mas estes órgãos
sempre alegam que falta agentes para tal trabalho.
LAMENTAMOS! Pois, quando
o prejudicado é o indígena tudo
lhes é negado. Quando é para
favorecer a outros interesses, logo aparecem
policiais de todo canto do país. Quem
poderia acreditar a quatro anos atrás
que esse governo teria um gosto de ditadura?