24/05/2006 - No domingo
4 de junho - véspera do Dia Mundial
do Meio Ambiente - a represa Guarapiranga,
um dos principais e mais degradados mananciais
de São Paulo, será saldada com
um abraço simbólico que deve
reunir milhares de pessoas ao redor de suas
margens. O evento ocorrerá ao meio-dia
em sete pontos do reservatório.
Na véspera do Dia
Mundial do Meio Ambiente, a população
de São Paulo está convidada
a demonstrar seu apreço e respeito
a um dos mais ameaçados recursos naturais
da metrópole: a água. Ao meio-dia
do domingo 04 de junho, a represa Guarapiranga
– que em 2006 completa seu centésimo
aniversário – receberá um abraço
simbólico de milhares de pessoas, em
um evento promovido por diversos setores da
sociedade, entre poder público, organizações
não-governamentais, escolas, entidades
privadas e movimentos sociais.
A mobilização
ocorrerá em seis diferentes pontos
do reservatório e seus organizadores
estimam que cerca de 10 mil pessoas participem
do evento. A população está
sendo convidada a comparecer vestida de branco.
Um ato ecumênico, unindo diversas lideranças
religiosas de São Paulo, também
está marcado para comemorar o aniversário
da represa. O ato ecumênico contará
com a presença de representantes religiososo,
entre eles o Rabino Henry Sobel, o Bispo Dom
Emílio e a Monja Coen.
Outros dois pontos de destaque
do evento são o Parque Ecológico
Guarapiranga -que receberá cerca de
2 mil participantes da "Caminhada pela
Vida e pela Guarapiranga" organizada
pelo Fórum em Defesa da Vida contra
a Violência do Jardim Ângela -
e a barragem da represa - ponto estratégico
para realização de imagens.
A organização do evento, que
conta com o apoio de empresários e
clubes de iatismo, vai colocar à disposição
da imprensa um barco para documentação
e registro das manifestações.
Guarapiranga: um
manancial ameaçado
O abraço na Guarapiranga
é um gesto que simboliza a preocupação
da população paulista com a
situação da Guarapiranga - manancial
seriamente degradado que atualmente abastece
3.7 milhões de habitantes da Grande
São Paulo. Marca ainda um pedido coletivo
para a recuperação e preservação
de toda sua bacia hidrográfica, que
vem sendo desmatada, alterada, ocupada e urbanizada
em ritmo crescente e sem planejamento ou controle
algum.
A bacia da Guarapiranga
ocupa uma área de 63.911 hectares e
produz 14 mil litros de água por segundo,
sendo responsável pelo abastecimento
de 3,7 milhões de pessoas residentes
na região sudoeste da Grande São
Paulo. Seu território, contudo, vem
sendo alterado de forma descontrolada, o que
pode impedir que o manancial continue a produzir
água com qualidade para o abastecimento
público.
Atualmente 42% da área
da bacia sofrem algum tipo de intervenção
humana, como a abertura de pastagens, lavouras,
minerações e movimentações
de terra. São estas intervenções
que dão origem aos núcleos habitacionais
que se adensam – muitas vezes em locais proibidos
ou perigosos, como encostas ou perto de corpos
d' água.
Este processo de ocupação
fez com que a população residente
na bacia aumentasse em 210 mil pessoas no
período de 1991 a 2000 (um aumento
de quase 40%). Dados do IBGE dão conta
de que 776 mil pessoas viviam na bacia da
Guarapiranga em 2000. Pouco mais da metade
dessa população (53.9%) tem
rede de esgoto instalada em suas residências.
Acontece que as redes existentes, por falta
de investimentos, continuam despejando o esgoto
na represa.
Seminário
vai produzir propostas
A atual situação
da Guarapiranga e as perspectivas de futuro
para o manancial estarão no foco de
outro evento que ocorre nos dias que antecedem
ao abraço simbólico. Trata-se
do Seminário Guarapiranga 2006 , que
ocorre de 30 de maio a 01 de junho. O seminário
é fruto de uma inédita articulação
entre diferentes atores sociais e vai reunir
alguns dos principais especialistas em gestão
ambiental, recursos hídricos e urbanismo,
entre outras áreas, durante três
dias de imersão total, para obter um
conjunto de propostas e uma carta de princípios
que garantam o futuro da represa como manancial
produtor de água com qualidade para
o abastecimento público.
O Seminário Guarapiranga
2006 é organizado pelo Instituto Socioambiental
(ISA), que há dez anos trabalha com
a questão dos mananciais de São
Paulo. O primeiro diagnóstico socioambiental
sobre a Guarapiranga foi lançado pelo
ISA em 1996, e seus dados estão atualizados
na publicação GUARAPIRANGA 2005
– Como e por que São Paulo está
perdendo este manancial, lançada em
março deste ano.