22/05/2006 - Manaus - Após
participar da Marcha pela Floresta em Pé,
que reuniu nesse domingo (21) cerca de 800
pessoas em Santarém (PA), a organização
não-governamental (ONG) ambientalista
Greenpeace fez hoje (22) na Europa novos protestos
contra a presença da soja na Amazônia.
Em Surrey, na Inglaterra,
os ativistas bloquearam com quatro toneladas
de soja a principal entrada da unidade industrial
da multinacional Cargill; em Orleans, na França,
eles fizeram perfomances (apresentações
teatrais) na empresa Saint Valley, que trabalha
com exportação de carne de frango.
"Estamos hoje promovendo
ataques globais. A Cargill ligou de Washington
(nos Estados Unidos, país sede da empresa):
eles estão recebendo uma pressão
pesada dos clientes e querem conversar",
revelou à Radiobrás o coordenador
da campanha Amazônia, do Greenpeace,
Paulo Adário.
Na semana passada, a Cargill
enviou à prefeita de Santarém,
Maria do Carmo (PT), uma carta pública
na qual se comprometia a comprar soja apenas
dos produtores que cumprissem o Código
Florestal (que determina que apenas 20% da
área total da propriedade pode ser
desmatada na Amazônia). "Esse comunicado
não tem valor legal, é pura
questão de marketing", acusou
Adário.
O Greenpeace – assim como
entidades, redes e movimentos sociais locais,
como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais,
a Frente de Defesa da Amazônia (FDA)
e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
– exige a desativação do terminal
graneleiro da Cargill em Santarém.
Ele foi construído em 2003, sem estudo
de impacto ambiental, graças a uma
liminar concedida pela Justiça. O Ministério
Público Federal entrou então
com uma Ação Civil Pública
e, em fevereiro deste ano, a Cargill foi condenada
a realizar os estudos.
Na última sexta-feira
(19), o terminal foi bloqueado durante quatro
horas pelo navio Arctic Sunrise, do Greenpeace.
Dezesseis ativistas – entre brasileiros e
estrangeiros - foram detidos pela Polícia
Federal, mas estão soltos. "Eles
responderão pelo crime de desobediência,
cuja pena máxima prevista é
de dois anos de detenção",
explicou a delegada Luciana Mota.
Adário informou ainda
que o navio parte hoje para Manaus (AM), onde
deve chegar na quarta-feira. No fim de semana,
ele estará aberto à visitação.
No escritório da
Cargill em Santarém, o atendente informou
que a empresa não está se pronunciando
sobre o assunto. A Radiobrás entrou
também em contato com a assessoria
de imprensa da multinacional, em São
Paulo – mas ainda não obteve resposta.