24-05-2006
- São Paulo - Relatório do Greenpeace
revela radioatividade na França sete
vezes maior que os limites europeus de segurança.
Japão tem reator fechado há
sete dias pelo terceiro vazamento. No Brasil,
Angra 1 não está gerando energia
O lixo radioativo de um
depósito na Normandia, na França,
está vazando para a água subterrânea,
de acordo com relatório publicado nesta
semana pelo laboratório francês
Acro. A água contaminada nas instalações
da CSM (Centre de Stockage de la Manche) vai
para aqüíferos subterrâneos
usados pelos fazendeiros para saciar o gado.
A contaminação já chega
a níveis alarmantes: na região
onde o gado está presente, supera em
mais de sete vezes o limite europeu de segurança;
nas áreas agricultáveis próximas
aos depósitos os níveis de radioatividade
na água subterrânea estão,
em média, 90 vezes acima do limite
de segurança. Cientistas do laboratório
Acro, juntamente com o Greenpeace, estão
conduzindo uma pesquisa da contaminação
por vazamento de níveis baixo e intermediário
nas instalações.
A descoberta vem dias depois
de revelado que um novo reator nuclear planejado
pela Electricité de France (EDF) é
incapaz de resistir a impactos de aeronaves
comerciais. A contaminação ambiental
pelo lixo radioativo na Normandia foi causado
por reatores operados pela EDF e clientes
estrangeiros da empresa de reprocessamento
Areva. O Greenpeace alerta que a crise do
lixo na França não está
sendo conduzida com seriedade pelo governo.
JAPÃO
No Japão, a usina
de reprocessamento de Rokkasho teve, em 17
de maio, seu terceiro vazamento, o que forçou
a interrupção das atividades
pelos últimos sete dias. O processo
de purificação de plutônio
teve de ser interrompido para cessar o vazamento
e, pelo menos até o quinto dia de parada,
a fonte do vazamento ainda não havia
sido encontrada. Cerca de 7 litros de líquido
radioativo com 140 gramas de urânio
foram liberados.
BRASIL
No Brasil, a usina Angra
1 está parada pela terceira vez neste
ano. A geração de energia foi
interrompida às 23 horas do dia 12
de maio para reabastecimento de combustível.
Mais de 1000 homens tiveram de ser contratados
para a tarefa de substituir um terço
do combustível da usina e realizar
novamente serviços de manutenção.
A previsão da Eletronuclear é
de 50 dias para Angra 1 retornar às
atividades.
“Os problemas da energia
nuclear são demonstrados a todo o tempo
no Brasil e no mundo. Vazamentos de radiação,
interrupções na geração
de energia e diversos tipos de incidentes
são muito comuns, o que comprova que
essa fonte de energia é perigosa e
suja, além de cara e ineficiente”,
afirmou Guilherme Leonardi, coordenador da
Campanha Antinuclear do Greenpeace Brasil.
“Os ocorridos na França, no Japão
e em Angra 1 demonstram que o Brasil deve
investir em energias limpas e seguras, como
a solar e a eólica, em vez de desperdiçar
dinheiro público com a problemática
e ultrapassada energia nuclear”, completou.