26/05/2006
- Brasília - Uma das principais propostas
do Plano Amazônia Sustentável,
que durante todo o mês de junho estará
aberto a consulta pública, é
a criação de um novo recorte
territorial para a Amazônia Legal. O
objetivo, segundo a secretária de Coordenação
da Amazônia do Ministério do
Meio Ambiente, Muriel Saragoussi, é
reconhecer as distintas realidades existentes
na região – ambientais, sociais, econômicas
e culturais.
"Planos anteriores
enxergavam a Amazônia como uma única
Amazônia, como se ela fosse homogênea,
sem levar em conta as diferentes realidades
regionais", disse a secretária,
em entrevista à Agência Brasil.
O plano divide a Amazônia
em três macrorregiões: Arco do
Povoamento Adensado, Amazônia Central
e Amazônia Ocidental. A primeira, vai
do sudeste do Acre ao sul do Amapá,
incluindo Rondônia, Mato Grosso, Tocantins
e o sudeste e nordeste do Pará. E concentra
a maior parte da produção agropecuária,
do desmatamento e da população,
segundo o documento. O Arco do Povoamento
Adensado responde por cerca de 80% do total
desmatado em toda a Amazônia.
Já a Amazônia
Central abrange o oeste e o norte do Pará,
norte do Amapá e o vale do Rio Madeira,
no Amazonas. E a Amazônia Ocidental
consiste no restante do estado do Amazonas,
mais Roraima e o centro e oeste do Acre. Nessa
macrorregião estão concentrados
os maciços florestais, as maiores unidades
de conservação e as populações
indígenas e tradicionais.
A diversidade regional é
apontada no plano como uma "janela de
oportunidades". Em um mesmo território,
segundo o documento, podem conviver, por exemplo,
o extrativismo e a alta tecnologia, grandes
projetos de infra-estrutura energética
e pequenas centrais elétricas, atividades
agropecuárias altamente tecnificadas
e a agricultura familiar tradicional.
O plano estabelece ainda
que os investimentos na região devem
dar prioridade a projetos que utilizem a "floresta
em pé", ou seja, as atividades
que exploram os recursos naturais da floresta
sem promover o desmatamento. Segundo Muriel
Saragoussi, há espaço também
para a agropecuária comercial e a exploração
sustentável de madeiras: "Pode-se
trabalhar uma questão de compensação
[ambiental] em outras áreas e a utilização
intensiva dessas áreas que já
foram desmatadas, para quem quer fazer agricultura
comercial".