25/05/2006
- Evento reúne, em três dias
de imersão total, especialistas e representantes
de diversos setores sociais para apontar estratégias
de recuperação e preservação
da região da Guarapiranga, manancial
que abastece quase quatro milhões de
pessoas na Grande São Paulo.
A atual situação
da represa Guarapiranga e as perspectivas
de futuro para o manancial estão no
foco do Seminário Guarapiranga 2006,
evento que ocorre de 30 de maio a 1 de junho,
antes do abraço simbólico que
a represa vai receber da população
da cidade em comemoração a seu
centenário. O Seminário Guarapiranga
2006 é fruto de uma inédita
articulação entre diferentes
atores sociais (veja nomes abaixo) e vai reunir
alguns dos principais especialistas em gestão
ambiental, recursos hídricos e urbanismo,
entre outras áreas, durante três
dias de imersão total, para obter um
conjunto de propostas e uma carta de princípios
que garantam o futuro da represa como manancial
produtor de água com qualidade para
o abastecimento público.
O evento, restrito a convidados,
vai colocar em contato quase duas centenas
de pessoas, entre representantes da comunidade
científica e acadêmica, de organizações
governamentais e não-governamentais,
da comunidade empresarial e de movimentos
sociais, além de moradores dos sete
municípios inseridos na bacia hidrográfica
e das áreas abastecidas pela represa.
O Seminário Guarapiranga
2006 também vai produzir mapas e um
banco de dados com informações
sobre qualidade da água, expansão
urbana, serviço ambiental das áreas
preservadas, atividades econômicas,
investimentos e intervenções
previstas, situações de risco
e degradação socioambiental,
entre outras questões. Os principais
resultados do seminário serão
apresentados em uma entrevista coletiva agendada
para o dia 01/06, reunindo alguns dos principais
especialistas e autoridades da região.
Um manancial ameaçado
A bacia da Guarapiranga
ocupa uma área de 63.911 hectares e
produz 14 mil litros de água por segundo,
sendo responsável pelo abastecimento
de 3,7 milhões de pessoas residentes
na região sudoeste da Grande São
Paulo. Seu território, contudo, vem
sendo alterado de forma descontrolada, o que
pode impedir que o manancial continue a produzir
água com qualidade para o abastecimento
público.
Atualmente 42% da área
da bacia sofrem algum tipo de intervenção
humana, como a abertura de pastagens, lavouras,
minerações e movimentações
de terra. São estas intervenções
que dão origem aos núcleos habitacionais
que se adensam – muitas vezes em locais proibidos
ou perigosos, como encostas ou perto de corpos
d' água.
Nem as áreas de preservação
estão sendo poupadas: 37% das Áreas
de Proteção Permanente (APPs)
inseridas na bacia estão invadidas
ou ocupadas. A vegetação nativa,
por sua vez, fundamental para produção
de água com qualidade, foi reduzida
a pouco mais de um terço da área
total da bacia.
Este processo de ocupação
fez com que a população residente
na bacia aumentasse em 210 mil pessoas no
período de 1991 a 2000 (um aumento
de quase 40%). Dados do IBGE dão conta
de que 776 mil pessoas viviam na bacia da
Guarapiranga em 2000. Pouco mais da metade
dessa população (53.9%) tem
rede de esgoto instalada em suas residências.
Acontece que as redes existentes, por falta
de investimentos, continuam despejando o esgoto
na represa.
O Seminário Guarapiranga
2006 é organizado pelo Instituto Socioambiental
(ISA), que há dez anos trabalha com
a questão dos mananciais de São
Paulo, produzindo e atualizando diagnósticos
socioambientais participativos, realizando
seminários para a proposição
de ações de recuperação
e conservação, acompanhando
e propondo políticas públicas
e promovendo campanhas e ações
de mobilização da sociedade.
O primeiro diagnóstico socioambiental
sobre a Guarapiranga foi lançado pelo
ISA em 1996, e seus dados estão atualizados
na publicação GUARAPIRANGA 2005
– Como e por que São Paulo está
perdendo este manancial, lançada em
março deste ano.
Seminário
Guarapiranga 2006
O Seminário Guarapiranga
2006 conta com o apoio financeiro do Fundo
Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro)
e do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A produção
de informações antes e durante
sua realização conta com o apoio
do Centro Universitário Senac e do
Centro de Estudos da Metrópole/Cebrap.
O Seminário Guarapiranga 2006 conta
ainda com apoio logístico da Fundação
Mokiti-Okada, responsável pelo Solo
Sagrado, local onde será realizado
o evento, e da Federação de
Vela do Estado de São Paulo.
O Seminário Guarapiranga
2006 é uma iniciativa do Instituto
Socioambiental (ISA) em parceria com as seguintes
instituições, que compõem
a Comissão Coordenadora:
Centro de Direitos Humanos
e Educação Popular de Campo
Limpo
Centro Universitário Senac
Espaço – Formação Assessoria
e Documentação
Fórum em Defesa da Vida contra a Violência
Instituto Florestal
Prefeitura Municipal de Embu-Guaçu
Sabesp
Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São
Paulo
Secretaria Municipal de Habitação
de São Paulo
Secretaria Municipal de Verde e Meio Ambiente
de São Paulo
SOS Represa Guarapiranga
Subprefeitura do M´Boi Mirim
Subprefeitura de Parelheiros
Vitae Civilis