"O
aquecimento global, hoje, é uma realidade
mensurável e tem como conseqüência
uma devastação indireta dos
escassos recursos naturais para sustentar
a crescente expansão demográfica
no planeta." O alerta foi feito, ontem,
pelo oceanógrafo David Zee, na sessão
de encerramento do VI Encontro Verde das Américas,
promovido pela ONG Palibar, no Auditório
Petrônio Portella, do Senado.
Ao advertir para os grandes
riscos ambientais das mudanças climáticas
que o planeta vem sofrendo, David Zee observou
que, "infelizmente, o homem ainda não
reconheceu que está retirando da natureza
muito mais do que ela pode oferecer e recompor".
A reunião de encerramento
da conferência sobre a preservação
do meio ambiente e utilização
racional dos recursos naturais – iniciada
na terça-feira – contou com a presença
de embaixadores, especialistas em ecologia
e parlamentares.
Ao final, houve pequeno
debate e entrega de certificados aos presentes.
O jornalista Paulo Coelho, que presidia a
mesa, prometeu o lançamento da Carta
Verde das Américas 2006 para o dia
5 de junho. O documento trará um resumo
do encontro e uma declaração
de princípios ecológicos, dirigida
às organizações participantes
e entidades políticas.
Pela manhã, os embaixadores
da República Eslovaca, da Holanda e
de Trinidad e Tobago abordaram o compromisso
de seus países com o meio ambiente
e o desenvolvimento sustentável.
A superintendente-executiva
da Associação Mineira de Defesa
do Ambiente, Maria Ricas, tratou da gestão
dos recursos hídricos nas Américas,
e o especialista em cerrado César Victor
discursou contra a transposição
do rio São Francisco.
– Antes de pensar na transposição
do rio deve-se fazer um trabalho de recuperação
e conservação do cerrado, habitat
responsável pela manutenção
de várias bacias hidrográficas,
incluindo-se aí a do rio São
Francisco – disse ele.
Ainda pela manhã,
o representante indígena Marcos Terena,
presidente do Comitê Intertribal, discorreu
sobre o tema "Povos Indígenas
– Conhecimentos Tradicionais como Guardiões
de um Futuro Melhor". Terena assinalou
que a riqueza não pode ser medida pelos
índices econômicos, mas sim pela
capacidade de se assegurar um bem viver para
todos.
Na parte da tarde, além de David Zee,
falaram a embaixadora da Palestina, Mayada
Bamie, o presidente da ONG Ponto Terra, Ronaldo
Malard, e a secretária geral da WWF/Brasil,
Denise Hamú. Bamie expôs o desafio
da Palestina para com a Paz e o desenvolvimento
sustentável no Oriente Médio,
enquanto Malard abordou os parques e o meio
ambiente urbano. Hamú exibiu slides
sobre as ações do WWF no país
e no mundo, tendo como diretrizes minimizar
os efeitos das atividades humanas no meio
ambiente, conservar a biodiversidade e estimular
o uso sustentável dos recursos naturais.
"Não somos uma ONG de sonhadores",
afirmou.
Fonte: Jornal do Senado