principais vetores desse desmatamento. Estima-se
que mais de 1,2 milhão de hectares
originalmente cobertos por floresta amazônica
estão hoje ocupados por latifúndios
de soja.
“A maior floresta tropical do planeta está
sendo destruída para produzir ração
animal para o mercado mundial e acaba servida
como alimento em redes de fast food como Mac
Donalds e KFC e supermercados”, afirma Paulo
Adário, coordenador da campanha da
Amazônia do Greenpeace. Investigações
recentes do Greenpeace revelaram que os crimes
florestais começam na Amazônia
e atingem toda a indústria alimentícia
da Europa. O relatório “Comendo a Amazônia”
detalha como fazendas de soja que praticam
grilagem de terras e desmatamento em larga
escala e utilizam mão-de-obra escrava
fornecem soja para ração de
frangos e vacas que abastecem restaurantes
e supermercados na Europa.
Para plantar soja e outros grãos,
fazendeiros limpam extensas áreas de
floresta através de queimadas.. Em
2005, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) registrou 167.220 focos de calor
na Amazônia Legal. Além de ser
um dos maiores exportadores de soja do mundo,
o Brasil também está em quarto
lugar na lista dos maiores poluidores do planeta.
Dados recentes do Ministério da Ciência
e Tecnologia apontam que 3/4 das emissões
brasileiras de gases estufa são resultado
do desmatamento da Amazônia.
O Greenpeace lançou uma ofensiva internacional
de grande escala para expor a ameaça
representada pela soja como vetor da expansão
da fronteira agrícola sobre áreas
de floresta. No dia 19 de maio, o Greenpeace
bloqueou o porto da multinacional Cargill
em Santarém (PA), impedindo o descarregamento
de soja amazônica por mais de 3 horas.
Funcionários da empresa e produtores
de soja da região reagiram com violência
à manifestação pacífica
no porto ilegal da empresa. Quatro ativistas
foram feridos e 16 detidos pela Polícia
Federal. O porto da Cargill em Santarém
é ilegal porque foi construído
sem a realização de Estudo de
Impacto Ambiental, previsto na Constituição
Brasileira, e é um dos principais acessos
da soja de desmatamentos criminosos ao mercado
internacional. A Cargill opera 13 silos de
armazenamento de grãos no bioma Amazônico,
mais do que qualquer outra empresa do ramo.
Ontem (27), em Manaus (AM), o navio do Greenpeace
Arctic Sunrise encerrou expedição
de dois meses pelo país promovendo
a criação de uma rede de áreas
protegidas e de uso sustentável na
Amazônia para deter o desmatamento.
O navio chegou no final de março em
Porto Alegre (RS), passou pelo nordeste, esteve
em Belém e em Santarém, no Pará,
onde participou das manifestações
contra o cultivo de soja na Amazônia.
Durante este período, mais de 25 mil
pessoas puderam visitar o navio e uma exposição
de 72 fotos sobre a realidade da Amazônia
e o trabalho do Greenpeace na região.
A floresta amazônica é uma das
áreas com maiores índices de
biodiversidade do planeta e tem papel fundamental
na estabilidade climática da Terra.
O Greenpeace exige uma moratória no
plantio de soja na Amazônia até
que um plano abrangente de áreas protegidas
e de uso sustentável seja efetivamente
implementado pelo governo brasileiro. A entidade
está pressionando as multinacionais
da soja e seus clientes na indústria
alimentícia a garantir que os grãos
consumidos na alimentação animal
não destruam a Amazônia e que
não utilizem soja transgênica.
A entidade também cobra do governo
brasileiro a execução do Plano
interministerial de combate ao desmatamento
e o fortalecimento das instituições
federais como IBAMA, INCRA e Polícia
Federal para deter a destruição
florestal.
O Greenpeace é uma organização
independente que usa protestos criativos e
não-violentos para expor problemas
ambientais em escala global e promover soluções
essenciais a um futuro pacífico e sustentável.