31-05-2006 – Madri
- Em dia de grande derrota para a indústria
nuclear, Greenpeace comemora a declaração
do primeiro-ministro espanhol de que vai estabelecer
calendário fixo para o fechamento de
todas as usinas espanholas
O Greenpeace comemorou hoje
a declaração do primeiro-ministro
da Espanha, José Luis Rodríguez
Zapatero, de manter seu compromisso de campanha
e abandonar de forma progressiva a energia
nuclear no país.
A declaração
de Zapatero foi feita durante seu discurso
na abertura do debate sobre o Estado da Nação
no país. No último dia 20, praticamente
todos os movimentos antinucleares na Espanha
assinaram um manifesto pedindo a Zapatero
e seu partido, o Partido Socialista Operário
Espanhol (PSOE), para cumprir sua promessa
de campanha de abandonar a energia nuclear
e fechar todas as usinas nucleares do país.
A primeira delas que deverá ser fechada
é a usina de Santa María de
Garoña, em Burgos, a mais antiga ainda
em funcionamento e a que apresenta maior ameaça
à segurança espanhola.
O Greenpeace também
comemorou a enorme derrota sofrida pelo lobby
da indústria nuclear, já que
o governo não deu nenhum respaldo às
propostas absurdas do Fórum das Indústrias
Nucleares Espanholas, que levantou a necessidade
da construção de dez novas estações
nucleares no país e de prolongar em
várias décadas a vida útil
de oito estações, apesar dos
problemas de segurança que elas vêm
apresentando.
“O debate sobre os benefícios
da energia nuclear terminou com uma estrondosa
vitória das energias verdadeiramente
limpas: as renováveis e eficientes.
A indústria nuclear foi claramente
derrotada, apesar de toda a pressão
dos últimos meses”, declarou Guilherme
Leonardi, coordenador da campanha antinuclear
do Greenpeace Brasil.
“Nós parabenizamos
o primeiro-ministro por ter se posicionado
a favor de uma matriz energética de
fontes limpas e renováveis, chaves
para uma economia sustentável e competitiva”,
afirmou Leonardi.
Em seu discurso, Zapatero
também reconheceu que é impossível
resolver o problema da destinação
do lixo radioativo gerado pela energia nuclear
sem um consenso social amplo que deve incorporar
as ONGs.
Zapatero e seu partido
subiram ao poder após vencerem as eleições
de 14 de março de 2004, graças,
entre outros fatores, a seu compromisso de
fechar as usinas de energia nuclear de forma
gradativa e substitui-las por outras fontes
de geração de energia, “limpas,
seguras e mais baratas”, como afirmava o programa
eleitoral do partido.