05/06/2006 - O Brasil
lançou nesta segunda-feira (05) o Plano
de Ação Nacional para a Conservação
dos Albatrozes e Petréis (Planacap).
O anúncio foi feito pelo secretário-executivo
do Ministério do Meio Ambiente, Claudio
Langone, na cerimônia de abertura do
II Encontro do Comitê Assessor do Acordo
para a Conservação de Albatrozes
e Petréis, no Hotel Parthenon, em Brasília.
Participam da reunião representantes
de vários países envolvidos
com a questão que vão discutir
até a próxima quinta-feira a
situação atual das espécies
e suas tendências populacionais, as
principais ações para conservação
das áreas de reprodução,
entre outras ações.
Elaborado pelo Ibama, em
conjunto com ONGs voltadas para a conservação
de aves marinhas, como o Projeto Albatroz
e a BirdLife International, o plano representa
um diagnóstico sobre a conservação
dessas espécies na costa brasileira
e apresenta as ações que deverão
ser adotadas para a redução
das capturas de albatrozes e petréis
em artes de pesca e para a preservação
das aves nas ilhas brasileiras onde se reproduzem
(Trindade e Ilhas Itatiaia, no Espírito
Santo, e Fernando de Noronha, em Pernambuco).
Estão previstas nas
ações pesquisas e desenvolvimento
de tecnologias a serem adotadas nas pescarias,
manutenção de programa de observadores
a bordo das embarcações, atividades
de educação ambiental e uma
legislação específica
visando a proteção das espécies.
Os albatrozes alimentam-se de lula e de peixes,
que são utilizados como iscas pelos
barcos que pescam com espinhel, tipo de pesca
oceânica composta por uma longa linha
com milhares de anzóis. Muitas vezes,
quando as aves buscam as iscas são
capturadas pelos anzóis para o fundo
do mar, morrendo afogadas.
A mortalidade dessas aves
nas embarcações espinheleiras
em todo o mundo tem sido apontada como a principal
causa do declínio das populações
dessas espécies. Estima-se que mais
de 300 mil aves marinhas são mortas
por barcos espinheleiros por ano, o que significa
mais de 800 aves por dia e uma a cada cinco
minutos. No Brasil das 19 espécies
que interagem com espinhéis, seis albatrozes
e cinco petréis estão na Lista
de Espécies Ameaçadas do Ibama.
Entre elas estão o albatroz-de-tristão,
a terceira espécie mais rara de albatrozes
do mundo, e a pardela-de-óculos, espécie
criticamente ameaçada e que pode ser
vista em grandes grupos seguindo barcos pesqueiros
na costa brasileira.
De acordo com Claudio Langone,
para que o problema seja atacado é
necessário o envolvimento do setor
pesqueiro. No Brasil, informa, o setor tem
tido uma postura proativa reconhecendo a pesca
oceânica com espinhéis como uma
das causas de redução dessas
espécies. Ele explica que já
existem medidas simples para evitar o problema,
como, por exemplo, colocações
de fitas coloridas no barco entre os espinhéis
e os pássaros e o uso de um corante
azul, que deixa a lula da cor da água
para confundir os pássaros. "São
centenas de metros de espinhéis arrastados
pelos barcos que usam peixes e lulas. Os albatrozes
são aves grandes, chegando a medir
3,5 metros de envergadura e o processo de
criação é de um filhote
por ninhada a cada dois anos", informou
Langone.
O Acordo para a Conservação
de Albatrozes e Petréis (Acap) foi
assinado pelo Brasil em junho de 2001. Segundo
Claudio Langone, o Brasil ainda não
aderiu formalmente ao acordo, mas já
sedia uma reunião desse acordo. "É
o reconhecimento de um trabalho que o Brasil
vem fazendo, lançando o plano nacional
antes mesmo de ratificar o acordo", disse.
Em breve, o presidente Lula deverá
enviar o documento ao Congresso Nacional para
ratificação. O Acordo é
um instrumento internacional concebido no
âmbito da Convenção das
Espécies Migratórias (Convenção
de Bonn) e visa a colaboração
entre as nações que estão
na área de distribuição
dessas espécies altamente ameaçadas.