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CERIMÔNIA MARCA FORMATURA DE PROFESSORES INDÍGENAS NO MT


Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2006

08/06/2006 - A típica beca usada em qualquer festa de formatura não foi o traje preferencial. Urucum e jenipapo davam o tom de tradições ancestrais. Na cabeça, o “capelo” cedia lugar a cocares diversos. Falas emocionadas, cantos, danças e sorrisos. Muitos sorrisos. Uma demonstração franca de alegria, repleta de sons e cores. Cento e oitenta e seis índios de 36 etnias, de 11 estados do Brasil, exibiam felizes seus diplomas de colação de grau na conclusão do Terceiro Grau Indígena pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), realizada na última terça-feira (06), no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá.

A festa é manifestação intensa da pluralidade cultural e do respeito à diversidade dos povos indígenas brasileiros. Ato de inclusão social e de garantia de preceitos constitucionais, que asseguram o ensino na língua materna, a valorização da cultura e a continuidade dos saberes tradicionais. A formatura desses professores consagra o espaço dos índios brasileiros na contemporaneidade, em sua busca pela harmoniza entre a perpetuação da cultura e os desafios do futuro.
A cerimônia foi marcada por vitórias pessoais e, ao mesmo tempo, verdadeiras conquistas coletivas. Cada um lembrava em seus discursos suas comunidade, sua aldeia, seu povo. Lembrança do caminho percorrido: longas distâncias, saudade da família, barreiras culturais. Dificuldades superadas. Ao mesmo tempo, o olhar atento para os próximos desafios. O curso de Terceiro Grau Indígena da Unemat formou novos professores nas áreas de Ciências da Natureza

e Matemática; Ciências Sociais; Línguas, Artes e Literatura, conciliando a formação acadêmica com a valorização de saberes e cultura tradicionais, sem descurar da realidade de cada povo.

“A conclusão deste curso representa um diferencial no respeito aos nossos povos, é uma nova cara que o Brasil apresenta para aqueles que ainda desconhecem o conceito de socialização. Estamos dessa forma mostrando que podemos conviver com culturas diversas”, comentou o formando Roni Walter Azoinayce, da etnia paresí e administrador regional da Funai em Tangará da Serra.

Reconciliação

Além de parentes e amigos dos novos professores, também participaram do evento o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes; o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi; o ex-governador do Estado, Dante de Oliveira; o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT); a secretária de Educação de Mato Grosso, Ana Carla Muniz; a secretária de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Ilma Grisost; o reitor da Unemat, Taisir Mahmudo Karim, a coordenadora geral de Educação da Funai, Maria Helena Fialho, a coordenadora de Apoio Pedagógico da Funai, Neide Martins Siqueira.

Durante a cerimônia, os formandos homenagearam o coordenador do Terceiro Grau Indígena, professor Elias Januário, em um ritual de batismo Bororo -um dos momentos mais emocionantes do evento. “O professor Elias é um homem de sorte por receber uma homenagem tão linda”, afirmou Mércio Gomes, em seu discurso.

“É a coroação de um trabalho excelente. Com esse evento estamos marcando uma reconciliação da sociedade indígena e a sociedade brasileira pela educação. Esta formatura mostra ao Brasil que os índios não são apenas o nosso passado. São também o nosso presente e o nosso futuro”, disse o presidente da Funai, para quem a conclusão do curso representa um marco na política indigenista do país.

O reitor da Unemat também ressaltou o caráter inovador do Terceiro Grau Indígena. “Vocês ensinaram a Academia a perceber outros olhares, e mostrou que é possível a uma universidade pública desenvolver políticas afirmativas que servem de referência para o Brasil como a Universidade para índios”, afirmou Taisir Karim.

Em discursos em suas línguas maternas, os líderes Abrão Xavante e João Paresí observaram que a formação de professores indígenas é de importância fundamental para a preservação da cultura ancestral e para a reivindicação de direitos.

Também presente à cerimônia de formatura, a coordenadora geral da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir), a Wapichana Pierlângela Nascimento da Cunha, defende um sistema educacional criado pelos e para os índios.

Pedagoga, Pierlângela ressalta a função social do professor indígena. “Nossa preocupação é formar primeiro professores, para termos uma melhoria na qualidade do ensino de base e, assim, capacitarmos nossos jovens para o vestibular de outras áreas. A importância não é formar intelectuais indígenas ou deixar que a formação superior se sobreponha à nossa concepção de vida, mas formar pessoas com capacidade e comprometimento de luta pelos nossos direitos.”

Resultado da parceira entre Funai e Unemat, o Terceiro Grau Indígena foi iniciado em 2001, ao estabelecer um programa de ensino superior em atendimento à reivindicação dos próprios povos indígenas de Mato Grosso. O método de ensino busca conciliar as diferentes realidades de cada povo, ao contemplar o aprendizado de modelos pedagógicos, mantendo os ensinamentos tradicionais repassados de geração em geração. O respeito às tradições e a cultura no repasse dos conhecimentos transmitidos em sala de aula foi destacado pelos novos licenciados como um dos avanços e conquistas na autonomia dos povos indígenas.

Hoje, o Terceiro Grau Indígena terá sua terceira turma de professores, que ingressarão nos cursos no próximo vestibular da Unemat. A formação superior indígena em Mato Grosso abriu precedentes e serve de referência para projetos semelhantes em outros Estados e países latino-americanos.

O ingresso na universidade é uma realidade ainda em processo de discussão para essa parcela população que, só a partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, teve uma política educacional voltada para suas necessidades. Isso porque o artigo
210 do documento garante às comunidades indígenas a possibilidade de utilizar nas escolas - além do português - suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Isso fez com que crescesse o número de escolas indígenas e, conseqüentemente, aumentasse seu nível de alfabetização.

Com a crescente demanda escolar indígena, alguns projetos começaram a ser pensados para garantir o acesso dos alunos ao ensino superior. A Funai, o Ministério da Educação (MEC) e dez universidades públicas firmaram alguns convênios -como é o caso do Terceiro Grau Indígena-, nos quais as universidades são incentivadas a desenvolver projetos de cursos de licenciatura para a formação de professores indígenas, que integrem ensino, pesquisa e extensão, além de valorizarem a língua materna, a gestão e a sustentabilidade das terras e da cultura desses povos.

Entre essas universidades, estão, além da Universidade do Estado de Mato Grosso, a Universidade Federal de Roraima, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal de Tocantins. Ao mesmo tempo, outras instituições buscam implantar vagas extras para indígenas em seus cursos tradicionais. Esse foi o caso da UnB, que abriu, este ano, 14 vagas para as áreas de saúde.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa
Foto: Funai

 
 
 
 
 
 

 

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