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ESTUDO REVELA RIQUEZA DA BIODIVERSIDADE DO BANCO DOS ABROLHOS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2006

Avanços no conhecimento da fauna e flora e alta concentração de espécies endêmicas atestam a importância da região para a conservação da diversidade biológica no Oceano Atlântico

Salvador, 05 de junho de 2006 — Um inventário da biodiversidade do Banco dos Abrolhos, que acaba de ser publicado, revela que os níveis de endemismo (proporção de espécies encontradas somente ali) na região podem ser até quatro vezes maiores do que no Caribe. Resultado de uma expedição de 18 dias realizada em fevereiro de 2000, o estudo apresenta uma listagem da fauna e flora registrada nas águas dos Abrolhos e recomenda prioridades para implementação e gestão das áreas protegidas.

Segundo Zelinda Leão, pesquisadora do Laboratório de Estudos Costeiros da Universidade Federal da Bahia, “a pesquisa mostrou que os recifes brasileiros, de maneira geral, e os do Banco dos Abrolhos, em particular, são ecossistemas-chave para a conservação da biodiversidade no Oceano Atlântico, porque concentram um grande número de espécies endêmicas em áreas muito pequenas”. Dessa forma, espécies apenas encontradas nas águas de Abrolhos, como o coral-cerébro (Mussismilia braziliensis), podem entrar em risco de extinção se a degradação de seu habitat e de ecossistemas costeiros interligados não for reduzida nos próximos anos.

Produzida pela ONG Conservação Internacional (CI-Brasil), a avaliação envolveu também especialistas do Laboratório de Estudos Costeiros da Universidade Federal da Bahia, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico e do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Os resultados compõem a 38a. edição do Programa de Avaliação Rápida (RAP-sigla em inglês).

Na expedição ao Banco dos Abrolhos, a equipe de pesquisa do RAP, composta por 19 cientistas, avaliou 45 pontos de amostragem. O biólogo Rodrigo Moura, da CI-Brasil, explica que “foram estudados corais, peixes, algas, poliquetos, moluscos e crustáceos, grupos taxonômicos selecionados como indicadores da biodiversidade total. Os resultados da pesquisa foram adicionados à produção científica já existente, em uma compilação que gerou a lista mais completa das espécies da região”.

Novas espécies e primeiros registros - Foram registradas cerca de 1.300 espécies, divididas entre os seis grupos pesquisados. A equipe encontrou pelo menos 17 moluscos e um peixe completamente novos para ciência, que estão sendo estudados. Quinze algas, dois corais, 86 poliquetos, 23 crustáceos e aproximadamente 100 espécies de peixes foram registradas pela primeira vez em Abrolhos. “A expedição nos permitiu ter uma visão abrangente e nunca antes disponível da distribuição da fauna e flora da região”, afirma o pesquisador Clóvis Castro, do Museu Nacional da UFRJ.

Ameaças e recomendações - O RAP aponta que as áreas-chave da biodiversidade da região ainda não são suficientemente conhecidas. Outra constatação é que, apesar de funcionarem como habitat de espécies exclusivas, essas áreas sofrem ameaças como o desrespeito às leis ambientais, a gestão ineficiente dos recursos pesqueiros e o desenvolvimento de atividades industriais e turísticas de forma predatória. Por isso, dentre outras medidas, a publicação recomenda o fortalecimento da ação conjunta de organizações governamentais, não-governamentais e comunidades locais para a gestão integrada de recursos marinhos e costeiros, bem como a intensificação de estudos e programas para a conservação da biodiversidade da região.

Unidades de Conservação - Para os pesquisadores envolvidos no estudo, esses programas devem integrar ecossistemas mutuamente dependentes, como recifes, manguezais, restingas e florestas. Uma das principais soluções indicadas no RAP é o fortalecimento da Rede de Áreas Marinhas Protegidas no Banco dos Abrolhos, com a criação de novas áreas de proteção e efetividade das já existentes. “A expedição mostrou, por exemplo, a importância da Área de Proteção Ambiental da Ponta da Baleia, onde ocorrem populações de algumas espécies pouco freqüentes na área do Parque Nacional”, esclarece Clóvis Castro. Apesar dessa importância, a APA Ponta da Baleia permanece sem Plano de Manejo e sem fiscalização há mais de uma década.

Atualmente, está em estudo pelo Ibama a criação de uma reserva extrativista nos manguezais entre os municípios de Caravelas e Nova Viçosa, na Bahia. A região, conhecida como Ilha do Cassurubá, é considerada o berçário da vida marinha em Abrolhos. “O estabelecimento da Reserva do Cassurubá atenderá à necessidade de proteção integrada de ecossistemas marinhos e costeiros, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável de mais de 300 famílias de pescadores e marisqueiros, que dependem dos recursos naturais da região para sua subsistência”, afirmaRodrigo Moura, da CI-Brasil.

A área proposta para a Resex do Cassurubá está sendo sondada para implementação do maior projeto de carcinicultura (criação de camarões) do Brasil, atividade considerada por pesquisadores e ambientalistas altamente impactante ao meio ambiente e às comunidades costeiras. “A carcinicultura é responsável por graves danos ambientais, como a contaminação da água, e também acarreta prejuízos sociais, com a expulsão das populações tradicionais de seus locais de mariscagem”, afirma Carlos Aguiar, coordenador da Patrulha Ecológica, organização que integra a Coalizão SOS Abrolhos: Pescadores e Manguezais Ameaçados.

Na região dos Abrolhos foi criado o primeiro Parque Nacional Marinho (Parnam) do Brasil, em 1983, abrangendo as ilhas que compõem o Arquipélago dos Abrolhos, onde se encontram algumas das mais importantes colônias de aves marinhas do país. Recentemente foi estabelecida a Zona de Amortecimento do Parnam dos Abrolhos, que prevê restrições a atividades que tragam potenciais impactos ao meio ambiente no entorno do parque. Na porção norte do Banco dos Abrolhos, encontra-se a Reserva Extrativista Marinha do Corumbau, primeira reserva extrativista criada em área de recifes de coral, com o objetivo de compatibilizar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento sustentável das comunidades de pescadores artesanais.

Informações complementares

O Banco dos Abrolhos é um alargamento da plataforma continental que começa próximo à foz do rio Doce, no Espírito Santo, e segue até a foz do Rio Jequitinhonha na Bahia. Com cerca de 46.000 km2, compreende um mosaico de ambientes marinhos e costeiros margeados por remanescentes da Mata Atlântica, abrangendo recifes de coral, bancos de algas, manguezais, praias e restingas. A região concentra a maior biodiversidade marinha conhecida no Atlântico Sul, abrigando várias espécies endêmicas, como o coral-cérebro, e espécies ameaçadas de extinção. Berçário das baleias-jubarte, a região dos Abrolhos foi declarada, em 2002, área de Extrema Importância Biológica pelo Ministério do Meio Ambiente.

A Coalizão “SOS Abrolhos: Pescadores e Manguezais Ameaçados” está mobilizada para impedir a instalação das fazendas de camarão no município de Caravelas, e conta com a participação da Conservação Internacional, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Terramar, Instituto Baleia Jubarte, Grupo Ambientalista da Bahia - Gambá, Environmental Justice Foundation – EJF, Patrulha Ecológica, Associação de Estudos Costeiros e Marinhos de Abrolhos – ECOMAR, Movimento Cultural Arte Manha, Núcleo de Estudos em Manguezais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – NEMA, Mangrove Action Project – MAP, Coalizão Internacional da Vida Silvestre - IWC/BRASIL, Aquasis – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos e Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro.

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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