Brasília (09/06/06)
- A Operação Novo Empate resultou
na expedição de mandado de prisão
contra 33 madeireiros, contadores, lobistas
e servidores do Ibama e do Imac (Instituto
de Meio Ambiente do Acre), mas as investigações
da Polícia Federal e do Ibama prosseguirão
e poderão resultar em novas prisões.
"Continuamos de olhos
bem abertos para prender mais gente",
afirmou o presidente do Ibama, Marcus Barros,
que se deslocou para Rio Branco, junto com
o diretor de Proteção Ambiental,
Flavio Montiel, para acompanhar a operação
deflagrada às 6 horas pela Polícia
Federal. Em entrevista coletiva, na superintendência
da Polícia Federal, Barros acrescentou:
"nossos serviços de inteligência
sabem que há mais gente envolvida nesses
crimes".
A presidente do inquérito
na Polícia Federal e coordenadora da
Operação Novo Empate, a delegada
Claudia Braga Leitão, esclareceu que
contra as 33 pessoas que tiveram prisão
temporária decretada há "provas
documentais praticamente irrefutáveis".
Até o início da tarde, 27 pessoas
já tinham sido presas, 22 delas no
Acre. A prisão temporária deles
deve ser prorrogada por mais cinco dias e
não está descartado pedido de
prisão permanente.
O presidente do Ibama disse
que ao assumir o Ministério do Meio
Ambiente, Marina Silva, definiu o combate
à corrupção como um do
principais caminhos para controlar o desmatamento
na Amazônia. O desmonte da quadrilha
no Acre, que se estendia para Rondônia,
Mato Grosso, Amazonas e São Paulo é
a nona operação conjunta com
a Polícia Federal e Procuradoria-Geral
desenvolvida neste período. O diretor
Flavio Montiel disse que as operações
resultaram numa significativa redução
do desmatamento na Amazônia. A taxa
caiu 31% no ano passado.
Na coletiva em Rio Branco,
Barros anunciou que a ministra estipulou a
data de 01 de agosto para acabar com as Autorizações
para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs),
usadas pelos criminosos para derrubar ilegalmente
floresta na Amazônia. Entre o próximo
dia 20 e 10 de julho, serão realizados
testes no Sul do Pará, uma área
prioritária para o controle do desmatamento,
e no Piauí - na caatinga.
O nome da Operação
Novo Empate é uma referência
ao ambientalista Chico Mendes. O "empate"
era uma estratégia de resistência
pacífica criadapor ele e seus companheiros
e consistia na presença de famílias,
homens, mulheres e crianças no lugar
que seria desmatado. Dessa maneira, o encarregado
do desmatamento desistia de continuar a devastar
a floresta nativa.
A ministra Marina Silva,
quando era seringueira no Acre, participou
de empates ao lado do Chico Mendes. Agora,
no governo, está a frente de operações
para desarticular quadrilhas que desmatavam
a floresta amazônica com base no fornecimento
ilegal de ATPF. A operação resultou
de investigações conjuntas do
Ibama e da PF iniciadas pelo Ibama em 2005.
Prisões
Em Rondônia, foram
presos cinco envolvidos na quadrilha que comercializava
madeira, ilegalmente, utilizando Autorizações
para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs)
vendidas por servidores do Ibama. Os documentos
eram procedentes do Ibama do Acre e serviam
para "esquentar" a madeira extraída
ilegalmente da floresta nacional do Jamari,
em Rondônia, além de outros estados.
O primeiro a ser preso foi
o madeireiro Sidney Perrut do Amaral. Ele
foi detido dentro do prédio do Ibama
Porto Velho. Os outros presos são:
os madeireiros Paulo Sérgio Ciline
e Cleyliane Lopes de Moura, os lobistasValdeicinei
Calisbino e Carlos Augusto Gumeiro. Os cinco
foram enquadrado nos crimes de receptação,
estelionato contra a administração
pública e documento falso, podendo
ser enquadrados, ainda, em formação
de quadrilha
A PF ainda procura por mais
três pessoas que também estão
com prisão preventiva decretada. Além
desses, foram presos em flagrante na terça-feira
(6), o madeireiro Wilson Fernando Basso e
o lobista José Guarino Oliveira. Eles
estão recolhidos em um presídio
de segurança máxima de Urso
Branco, a 40 Km de Porto Velho. Oliveira e
Basso foram enquadrados nos crimes de receptação,
falsificação de documentos e
formação de quadrilha. A dupla
já havia sido presa nas operações
Curupira e Ouro Verde no ano passado. Em ambos
os casos, cumpriram prisão preventiva
e passaram a responder o processo em liberdade.
No Amazonas ocorreu uma
prisão.