Recife (05/06/06)
– A Superintendência do Ibama em Pernambuco
reuniu em maio na cidade de Trindade, a 655
Km do Recife, no Sertão do Araripe,
empresários do Pólo Gesseiro
de Pernambuco para seminário sobre
a Eficiência Energética em Bases
Sustentáveis. O objetivo do encontro
foi apresentar o novo modelo de fiscalização
adotado pelo Ibama, que será feito
através do controle da lenha consumida
pela produção de cada empresa.
O seminário serviu
também para incentivar o manejo florestal,
já que as empresas terão que
utilizar 100% de lenha manejada. Participaram
do evento, além de empresários
do setor, representantes de sindicatos, prefeituras,
ONGs e representantes da sociedade local.
Durante as palestras foram apresentados dados
sobre a situação do bioma caatinga
na área do Araripe e sugeridos soluções
e prazos para que as empresas se enquadrem
ao novo sistema de controle.
Segundo o superintendente
do Ibama/PE, João Arnaldo Novaes, cerca
de 70 empresas da região são
responsáveis pelo consumo de 265 mil
caminhões de lenha. Desse total, 97%
são de origem insustentável.
"Vamos monitorar a procedência
da lenha nas empresas e elas terão
um prazo de 90 dias para começarem
a utilizar o sistema de manejo florestal”,
afirmou.
Em Pernambuco, os principais
consumidores de produtos ou sub-produtos florestais
para fins energéticos atualmente são:
o Pólo Gesseiro do Araripe, responsável
pela produção de 95% do gesso
fabricado no Brasil, a Siderúrgica
Fergusa, em São José do Belmonte,
a Ondunorte, na Região Metropolitana
do Recife, o pólo têxtil pernambucano,
as calcinadoras do Agreste e as cerâmicas
de Paudalho.
Nos próximos meses,
estes pólos industriais serão
alcançados pelas novas normas do Ibama
e a expectativa é que no prazo de um
ano todas as empresas tenham adotado o manejo
florestal para consumo de produtos originários
da caatinga.
Semana da Caatinga mobilizou atividades de
preservação em Pernambuco
Recife (05/06/06) – O superintendente
do Ibama em Pernambuco, João Arnaldo
Novaes, apresentou no dia 25 de abril, em
entrevista coletiva, a Operação
Mata Nativa – um conjunto de ações
visando dar maior eficiência ao combate
do consumo predatório de produtos e
sub-produtos da caatinga.
A operação
é resultado de três anos de estudos,
planejada há cerca de três meses
e será implementada em várias
etapas. Inicialmente serão adotadas
novas medidas de controle e fiscalização
do consumo de produtos florestais oriundos
da caatinga, como, por exemplo, a lenha usada
na produção do Pólo Gesseiro
de Pernambuco, na região do Araripe,
no Sertão do Estado.
Nas etapas seguintes, outras
áreas serão envolvidas no processo
de adequação às novas
normas. A Operação Mata Nativa
é um projeto-piloto que será
levado, após a experiência pernambucana,
para os estados que possuem áreas ameaçadas
de caatinga.
Durante a coletiva também
foi divulgado o quadro da degradação
ambiental em que se encontra o bioma caatinga,
em função do uso indiscriminado,
e muitas vezes ilegal, de madeira. Segundo
estes dados, a caatinga, único bioma
exclusivamente brasileiro, perde anualmente
350 mil hectares de vegetação
nativa, podendo chegar em 2010 com apenas
30% de áreas remanescentes. Segundo
Novaes, "só em Pernambuco, o que
se extrai de lenha da caatinga daria para
encher 265 mil caminhões”.
Ainda de acordo com os dados,
30% da matriz energética usada nas
indústrias instaladas no Nordeste é
à base de lenha e carvão, e
desta, praticamente 100% tem origem no bioma
característico do Sertão nordestino.
Como estas indústrias não informam
o consumo real do produto florestal, a fiscalização
será feita através da atualização
do cálculo de consumo de lenha por
cada tipo de forno das empresas consumidoras.
Também serão usadas para o controle
a identificação da produção
declarada no Cadastro Técnico Federal
(CTF) e a arrecadação do ICMS
ou IPI recolhido na produção
e comercialização do produto
especifico do empreendimento.
O Ibama vai, após
o cruzamento das informações,
exigir das empresas a especificação
das áreas de retirada da quantidade
de lenha declarada, caso seja de área
de caatinga, e a empresa terá seu consumo
de lenha atrelado a um plano de manejo. O
Ibama pretende, com isso, implementar o manejo
florestal da caatinga como uma alternativa
viável e economicamente produtiva para
o setor industrial local.
Fiscalização
- Para o início da ação
fiscalizatória, a maior já realizada
naquela região do estado, o Ibama contou
com a parceria das polícias Rodoviária,
Federal e Militar, mobilizando 28 fiscais
ambientais, um helicóptero para sobrevôo
das áreas de desmatamento e nove viaturas
para a realização de barreiras
nas estradas que dão acesso às
vias de escoamento dos produtos florestais
retirados da caatinga.
Ao todo foram fiscalizadas
simultaneamente as cidades de São José
do Belmonte, Exu, Bodocó, Ouricuri,
Ipubi, Trindade e Araripina. A região
foi escolhida para iniciar a primeira etapa
da operação por representar
uma área de alto grau de degradação
ambiental, onde se encontram alguns dos maiores
consumidores de produtos florestais retirados
da caatinga. A lenha é usada como matriz
energética dos fornos industriais.
Os fiscais visitaram algumas empresas e iniciaram
o levantamento do consumo da madeira.