05/06/2006 - Durante
dois meses, professores e alunos de escolas
estaduais, municipais e privadas, além
de Unidades Básicas de Saúde
(UBS), da Prefeitura de São José
dos Campos (SP), estarão auxiliando
a primeira campanha para caracterizar a qualidade
do ar no município. Nesta primeira
fase, em parceria com a USP e a Unicamp, será
utilizado o biomonitoramento com duas espécies
de plantas – Tradescantia pallida, conhecida
como Coração Roxo, e a Nicotiana
tabaco - sensíveis a diferentes poluentes
atmosféricos.
Pesquisadoras do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instituição
vinculada ao Ministério da Ciência
e Tecnologia, distribuíram as plantas
em 40 pontos da cidade, entre escolas e UBSs.
Além das plantas, o projeto prevê
também medidas de benzeno e ozônio
em alguns desses pontos. O monitoramento será
útil para apontar, de forma qualitativa,
as regiões da cidade mais afetadas
por determinados poluentes.
Segundo a pesquisadora Maria
Paulete Pereira Martins Jorge, os resultados
deste monitoramento poderão oferecer
subsídios para a instalação
de uma rede de monitoramento completa, ao
detectar os pontos de maior vulnerabilidade.
O projeto, que conta com o apoio da Petrobras,
tem também como objetivo ampliar o
nível de conscientização
da população para a necessidade
de monitoramento da qualidade do ar da cidade.
Nas escolas, os alunos deverão
constatar a presença do ozônio
na atmosfera por meio das folhas da Nicotiana
Tabaco, que deverão apresentar alteração
de cor, perceptível a olho nu, tornando-se
amareladas. O ozônio é um poluente
secundário formado a partir de reações
na atmosfera entre compostos orgânicos
voláteis e óxidos de nitrogênio,
provenientes, principalmente, das emissões
veiculares e também das indústrias.
A Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental (Cetesb) monitora
o ozônio na atmosfera de São
José dos Campos, desde 2000. Os dados
mostram que o nível de Padrão
de Qualidade do Ar (PQA = 160 mg/m3) é
ultrapassado diversas vezes por ano. O monitoramento
também aponta que está ocorrendo
uma exposição crônica
e constante da população a altos
níveis desse poluente (entre 100 –
120 mg/m3).
O Coração
Roxo, por sua vez, é sensível
aos compostos oxidantes, que alteram geneticamente
a estrutura celular da planta. Nas escolas,
os alunos irão analisar e observar,
em microscópios, as alterações
no núcleo das células das inflorescências
desta planta.
Além do biomonitoramento,
está sendo feita uma análise
dos ventos no município, buscando identificar
os padrões da circulação
que contribuem para a dispersão dos
poluentes gerados no município e em
regiões próximas, como a Grande
São Paulo, por exemplo.