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RELIGIOSOS, COMUNIDADES E AMBIENTALISTAS JUNTOS NA PROTEÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2006

Rio de Janeiro (09/06/06) - O I Seminário Educação Cultura e Justiça Ambiental, que ocorreu esta semana, nos dias 07 e 08 de junho, do Rio de Janeiro, reuniu mais de 170 representantes de comunidades, entidades religiosas, técnicos, professores, pesquisadores e entidades ambientalistas, para discutir, com um novo enfoque, as questões ambientais e as relações com as comunidades do entorno do Parque Nacional da Tijuca, tendo como pano de fundo um contexto de violência e exclusão social. Além da discussão e formulação de propostas para o Plano de Manejo do Parque, diversidade cultural, racismo ambiental, as religiões vinculadas à natureza e a justiça ambiental, foram lançados no evento o Programa Sou Mais Meu Batuque e o Coral Afro Iyún Asé Orin (Coral de Cânticos de Axé, em ioruba).

O evento, que foi realizado no Centro Cultural Justiça Federal, foi promovido pelo IBAMA, através da Coordenação Geral de Educação Ambiental/CGEAM e do Parque Nacional da Tijuca, em parceria com o Programa Brasil Sustentável e Democrático / BSD-FASE, Centro de Cultura e Meio Ambiente Sou mais minha Trilha e Omo Aro Cia Cultural, com apoio do IBASE, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Sociedade Afro Cultural Lemi Ayó, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Conselho Regional de Biologia-RJ, Movimento Inter-Religioso / ISER, Defensores da Terra e a Gergóvia Escola de Druidismo e Cultura Celta.

A história do negro na formação do Parque Nacional da Tijuca, uma área quase totalmente devastada por plantações de café e posteriormente reflorestada, onde hoje temos quase 4.000 hectares de mata atlântica em avançado estado de regeneração em plena área urbana do Rio de janeiro, cercada por 43 favelas, ilustra bem a situação desigual do negro, do índio e outras etnias em nosso país.

Mão de obra escrava nas fazendas de café e cana, o negro esteve intensamente presente na região do Parque. E embora suas práticas culturais fossem reprimidas, desenvolveu estratégias de sobrevivência cultural, através de múltiplas formas. Levou sementes de suas plantas rituais e, paralelamente às missas católicas organizadas pelos fazendeiros, realizava seus cultos e outras formas de resistência cultural. Ainda escravo, colaborou decisivamente no reflorestamente da área. Seus descendentes hoje em grande parte vivendo em favelas no entorno da unidade de conservação e praticantes das religiões da natureza, consideram a floresta um santuário sagrado e local de culto.

O antropólogo José Flávio Pessoa de Barros destacou em sua palestra o direito do negro ao patrimônio do Parque, face ao uso da área em séculos de escravidão. Ele citou as pesquisas de Manes Bandeira, destacando a presença do negro no Vale das Almas, na área hoje pertencente ao Parque. No interior do vale está localizada a Cascata do Pai Antônio, denominação de uma entidade do culto afro-brasileiro, indicadora, segundo Manes Bandeira, da ocorrência de cultos e cerimônias dos escravos nesta região. Ainda hoje ocorrem rituais e cerimônias afro-brasileiras no Vale das Almas, no interior da Floresta da Tijuca, o Setor A do Parque.

Mais de 17 religiões vinculadas à natureza utilizam a floresta, suas matas, pedras e cachoeiras para a realização de orações, cerimônias e oferendas, uma vez que seus praticantes consideram que ali estão suas divindades.Toda a floresta neste sentido torna-se um santuário ou espaço sagrado. O Projeto Meio Ambiente e Religião, que vem sendo desenvolvido pelo Parque em parceria com entidades religiosas, pesquisadores e ambientalistas desde 1997, procura compatibilizar a proteção ao patrimônio natural e cultural, definindo regras de uso no interior e no entorno da unidade.

Os participantes colocaram em debate o relatório da Oficina de Planejamento sobre Práticas Religiosas em Áreas Protegidas, realizada em 2005 no Parque, por iniciativa da Diretoria de Ecossistemas do Ibama, dentro das atividades de revisão do Plano de Manejo desta UC. A proposta foi aprovada, ainda em 2005, pela Procuradoria Jurídica do Ibama, envolvendo cinco eixos de ação que foram rediscutidos e aprovados com algumas revisões no seminário: regulamentação das práticas religiosas no Parque e no entorno; espaços e infra-estrutura para as práticas religiosas; educação ambiental (gestão participativa, produção de conhecimento, formação de monitores ambientais, sustentabilidade, produção e disseminação de material educativo; celebrações da natureza); controle e fiscalização das práticas religiosas no Parque e entorno; monitoria e avaliação das práticas religiosas e impactos.

 
 

Fonte: Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (www.ibama.gov.br)
Ascom (Denise Alves)

 
 
 
 
 
 

 

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