14.06.2006 - O gavião-real,
ou harpia (Harpia harpia), é para muitas
tribos indígenas brasileiras a personificação
dos caciques, símbolo da avidez e da
força. Com uma visão oito vezes
mais potente que a humana, esta ave é
um dos caçadores mais temido das florestas
brasileiras. Sua força é tão
grande que em pleno vôo pode arrancar
uma preguiça da copa de uma árvore
e carregar um animal de mais de 10 quilos.
Para muitas etnias indígenas
a harpia é o próprio Uiraçu,
ou o pai de todos os pássaros. Em muitos
casos os adornos feitos com a plumagem desta
ave são utilizados apenas quando os
homens morrem, ou em festas específicas.
No passado, alguns povos indígenas,
como os Mehinako, construíam grandes
gaiolas para manter uma harpia viva no centro
da aldeia. O pássaro geralmente era
morto ou enterrado vivo quando seu dono falecia.
Apesar de estar no topo
da cadeia alimentar e não ter predadores,
a não ser o homem, a maior ave de rapina
do mundo, corre o risco de extinção
devido à diminuição das
florestas, pois cada animal necessita de uma
área de cerca de 100 quilômetros
quadrados para garantir sua sobrevivência.
De hábitos solitários
e diurnos, a harpia pode atingir 1,15 metros
de comprimento e 2,5 metros de envergadura.
As fêmeas são maiores do que
os machos e em alguns casos podem chegar a
10 quilos. A Plumagem que forma uma coroa
em sua cabeça é responsável
pela denominação da harpia como
o gavião-real.
O fascínio por esta
que é considerada a maior ave de rapina
do mundo, não se estende somente aos
índios. Ornitólogos e cientistas
de todo o mundo consideram um prêmio
visualizar essa ave em seu habitat. Para muitos
pesquisadores a harpia também é
uma espécie indicadora, pois sua presença
reflete o estado de saúde do ecossistema
onde vive. O desaparecimento dela significa
que não existe caça ou área
de mata suficiente que permitam sua sobrevivência.
Por isso a importância de áreas
protegidas para garantir a existência
desta espécie que até hoje não
obteve um grande avanço na reprodução
em cativeiro.
A localização
da harpia abrange toda a América Latina
com preferência para as áreas
tropicais. No Brasil, a espécie é
encontrada principalmente na Amazônia.
Antes do avanço do desmatamento essas
aves podiam ser vistas no Paraná, Rio
Grande do Sul, e na Mata Atlântica.
Hoje, embora não tenham desaparecido
totalmente dessas regiões, os registros
são cada vez mais raros.
Inimiga dos psitacídeos
(araras, cacatuas e papagaios), a harpia alimenta-se
de peixes, serpentes, lagartos, pássaros
e principalmente de mamíferos, como
macacos, cotias e preguiças.