19 de junho - Saúde
começa pela boca. Com esta filosofia,
a Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) está desenvolvendo na aldeia
Pataxó, em Carmésia (MG), parceria
com a Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), que alcançará um marco
este ano. Será a primeira aldeia do
País a ter os indígenas com
100% dos problemas de saúde bucal sanados.
Até o final do ano, os 270 índios
da comunidade terão concluído
todos os tratamentos, que vão da eliminação
de cáries à colocação
de próteses parciais e totais.
Segundo Tales Francisco
Leonhardt Ferreira, coordenador de Saúde
Bucal do Distrito Sanitário Especial
Indígena (Dsei) de Minas Gerais e Espírito
Santo, os Pataxós, assim como grande
parte da população indígena,
tinham sérios problemas de cáries
e edentulismo, que é a falta de dentes.
Além da dor, a comunidade tinha afetada
sua auto-estima.
O sorriso perfeito passou
a ser possível com a parceria com a
UFMG, iniciada em outubro, que envolve também
o município de Carmésia, distante
cerca de cinco quilômetros da aldeia
Pataxó. Na cidade há um internato
rural onde ficam um dentista contratado pela
Funasa e dois alunos do último semestre
de odontologia da Universidade.
Além do atendimento,
a equipe realiza visitas domiciliares, trabalhos
de educação e promoção
da saúde bucal e aplicação
de flúor, tendo como alvo principal
crianças com até 12 anos de
idade.
A primeira etapa do programa
envolveu o tratamento de cáries e problemas
periodontais (gengiva) de toda a comunidade.
Em junho, terá início a segunda
fase. Grupos de indígenas serão
levados a Belo Horizonte para tratamento endodôntico
(canal). De acordo com Tales Francisco, será
utilizada a técnica de rotatório,
que permite tratar o canal em apenas duas
sessões.
Enquanto é desenvolvido
o tratamento endodôntico, em Carmésia
começarão a ser produzidas as
próteses para aqueles que têm
ausência de todos os dentes. Em seguida,
serão feitas as próteses parciais,
para aqueles que têm falhas dentárias.
Segundo Tales Francisco, praticamente todos
os indígenas da aldeia tinham cáries,
cerca de 60 terão de tratar canal,
entre 20 e 25 precisarão de prótese
total e entre 60 e 70 de prótese parcial.
Tales Francisco explica
que, a um custo relativamente baixo, a Funasa
tem obtido excelentes resultados com a parceria.
Os estudantes de odontologia, que ficam em
Carmésia, recebem, na forma de diárias,
o equivalente a um salário mínimo
e meio por mês. Além disso, a
Funasa arca com os custos de atendimento na
Rede SUS. Em contrapartida, destaca ele, os
indígenas são beneficiados com
boa qualidade de vida, boca funcional e sem
dor, e têm a auto-estima elevada.
A Pataxó Sandra Borges
de Jesus da Conceição, 29 anos,
é Agente Indígena de Saúde
Bucal na aldeia. Ela conta que, após
a parceria com a UFMG, melhorou bastante o
atendimento. “Os agentes indígenas
fizeram cursos e agora estão ajudando
os outros a prevenir as doenças”, explica.
Segundo ela, todos querem se tratar e não
querem perder os dentes.
Sandra avalia como bom o
trabalho desenvolvido, mas quer mais. Sonha
em ter um consultório na aldeia e acredita
no reforço da capacitação
para que os agentes indígenas de saúde
bucal possam ajudar ainda mais a comunidade.
“Antes a gente não tinha informação.
Não sabia como tinha que fazer para
cuidar dos dentes”, explica. Por isso, o cuidado
com as crianças, para que comecem a
se prevenir desde pequenos e não tenham
tantos problemas mais tarde.
Fonte: Funasa