Brasília
(21/06/06) - O Parque Nacional dos Campos
Amazônicos, criado hoje pelo Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, com 876
mil hectares se localiza nos estados do Amazonas,
Rondônia e Mato Grosso, abrangendo trechos
dos rios Roosevelt, Guaribas, Branco, Madeirinha
e Ji-Paraná.
O parque protege uma enorme
variedade de ecossistemas, incluindo diferentes
formações florestais, bem como
uma das maiores manchas de Cerrado - os "campos"
- de toda Amazônia.
A paisagem dos cerrados/savanas
é composta por campos sujos, campos
limpos e cerrados propriamente ditos. Matas
de galeria são encontradas ao longo
dos rios e riachos que cortam a savana. O
solo das savanas da região é
arenoso e raso, de baixa fertilidade, muito
suscetíveis à erosão.
Existem diversas nascentes na área
dos campos, onde encontramos uma vegetação
semelhantes às veredas do Brasil Central,
com presença de buritis e buritiranas.
Nas demais áreas
do parque existem belíssimas florestas,
que podem ser mais abertas ou densas. Esta
diversidade de habitats em uma mesma região
condiciona a ocorrência de diversas
espécies. Além disso, a proposta
inclui trechos de interflúvios de rios,
permitindo abranger espécies típicas
de tais áreas.
A presença de savanas
isoladas na floresta amazônica é
considerada uma evidência de ciclos
climáticos de umidade e aridez durante
o Pleistoceno. Durante os períodos
frios e secos, os campos (cerrados) ampliaram
sua distribuição, enquanto as
florestas retrairam, formando manchas florestais,
o que favoreceria a formação
de novas espécies de plantas e animais.
Nos períodos mais quentes e úmidos,
as florestas ampliaram sua distribuição
e os campos recuaram, sendo que algumas manchas
foram isoladas pela floresta.
Embora poucos estudos científicos
tenham sido realizados na região até
o momento, a área apresenta enorme
potencial para a ciência. Ocorrem espécies
novas de lagartos, macacos e aves. Segundo
especialistas, cerca de 11 espécies
de macacos já foram identificadas na
região do Parque Nacional dos Campos
Amazônicos e há outra em descrição.
Em vários sítios de floresta
na região do Roosevelt, foram constatados
fenômenos naturais interessantes e poucos
comuns na Amazônia como grande bandos
mistos de macacos barrigudos (Lagothrix cana)
e cuxiús de nariz-vermelho (Chiropotes
albinasus). A diversidade de aves na região
também é altíssima mesmo
em relação a outras áreas
melhor conhecida no sul da Amazônia.
Já foram registradas na região
441 espécies de aves, bem como a descoberta
de três espécies novas. A presença
de grandes aves de rapina, como a harpia e
o gavião-pega-macaco, atestam a qualidade
da conservação dos ecossistemas
do Parque Nacional dos Campos Amazônicos.
Também ocorrem na região a onça-pintada,
a ariranha e o cervo-da-cauda-branca.
Do ponto de vista da fauna
aquática, a região pode funcionar
como uma fonte-procriadora de várias
espécies de peixes de valor comercial
que migram ao longo do rio e atravessam suas
cachoeiras e corredeiras, incluindo vários
grandes siluriformes e peixes de escama.
É mais um motivo
para aumentar a rede de unidades de conservação
na região, para que se possa proteger
populações suficientemente grandes
mesmos das espécies mais exigentes
em termos de requerimentos espaciais.
O novo Parque Nacional incorpora
regiões consideradas de prioridade
extremamente alta para a conservação
da biodiversidade da Amazônia. As terras
são de propriedade da União
e foram disponibilizadas pelo Incra para criação
de unidades de conservação.