20-06-2006
- São Paulo - Afirmação
foi feita durante painel sobre desmatamento
da Amazônia na Conferência sobre
Responsabilidade Social do Instituto Ethos,
em São Paulo
O presidente do grupo Cargill
no Brasil, Sérgio Barroso, admitiu
nesta terça em encontro para empresários
em São Paulo que a empresa precisa
rever sua atuação na região
de Santarém (PA), na Amazônia.
A Cargill, uma das maiores comercializadoras
de grãos atuando no País, é
uma das grandes responsáveis pelo aumento
do desmatamento no bioma amazônico e
pela substituição de florestas
por plantações de soja.
A afirmação
foi feita durante o painel “Desmatamento da
Amazônia– é possível evitar?”
da oitava Conferência Internacional
sobre Empresas e Responsabilidade Social do
Instituto Ethos, que acontece de 19 a 22 de
junho, em São Paulo. Além do
presidente da Cargill, participaram do debate
Sérgio Amoroso, presidente do Grupo
Jarí-Orsa, Maurício Reis, diretor
da Vale do Rio Doce, Eugenio Scannavino Neto,
coordenador do Projeto Saúde e Alegria,
que trabalha com comunidades da região
de Santarém, e João Paulo Capobianco,
secretário de biodiversidade e florestas
do ministério do Meio Ambiente.
Apesar da afirmação,
o presidente do grupo Cargill no Brasil se
negou a reconhecer que o porto da empresa
em Santarém opera de maneira ilegal,
tendo sido construído sem o devido
estudo de impacto ambiental, exigido pelo
Ministério Público. Barroso
também não reconhece que a introdução
da cultura de soja no bioma amazônico
esteja provocando uma grave crise social na
região, incluindo o aumento da grilagem
de terras e da violência e a favelização
da periferia das cidades.
“Para Barroso, a Amazônia
está cheia de miseráveis e a
soja vai trazer riqueza à região.
Ele se esquece que a população
amazônica é rica quando tem a
floresta para explorar de forma sustentável.
E o dinheiro da soja não chega aos
municípios amazônicos, não
gera empregos e só traz pobreza, já
que até os sojeiros estão falidos”,
afirmou Scannavino, do Projeto Saúde
e Alegria, que atua há 20 anos na região
de Santarém. Segundo Scannavino, atuando
com as comunidades de Santarém fica
claro que a soja traz favelização
e aumento da violência para a população
local.
Capobianco defendeu diante
da platéia de 1.500 empresários
presentes a Floresta Amazônica em pé.
“A Amazônia não é lugar
nem para soja nem para boi. Essa não
é a vocação da floresta.
A Amazônia deve ser explorada de forma
sustentável, produzindo óleos
e outros produtos florestais de forma sustentável,
gerando emprego e renda para a população
amazônica”, afirmou.