22/06/2006
- Manaus (AM) – Dos 44 mil hectares da zona
urbana de Manaus, 28 mil já foram desmatados
– sendo que 34,3% das áreas verdes
perdidas (ou seja, 9,6 mil hectares) foram
destruídos entre 1986 e 2004. Esta
é a principal conclusão de um
estudo divulgado hoje (22) pelo Sistema de
Proteção da Amazônia (Sipam).
O estudo do Sipam foi realizado
por oito pesquisadores, entre julho do ano
passado e fevereiro deste ano. Eles analisaram
imagens de satélite Landsat referentes
a 1986, 1995 e 2004. O levantamento mapeia
a perda e a manutenção de áreas
verdes em cada uma das seis zonas administrativas
da capital amazonense (Norte, Sul, Leste,
Oeste, Centro-Oeste e Centro-Sul).
"Muita gente fala do
desmatamento no interior da floresta. Mas
nosso objetivo foi alertar também para
a destruição das áreas
verdes nas zonas urbanas", declarou a
analista coordenadora do estudo, Ana Cláudia
Nogueira.
A geógrafa Bertha
Becker, uma das maiores estudiosas da Amazônia,
também costuma chamar a atenção
para a realidade urbana da região.
Segundo ela, cerca de 70% dos 20 milhões
de habitantes amazônicos moram nas cidades
(sejam elas grandes ou pequenas).
"A gente percebe que
o desmatamento de 1986 a 1995 foi de quase
5 mil hectares. E que entre 1995 a 2004, ele
passou um pouco de 5 mil hectares", explicou
Nogueira. "Ou seja, a taxa de desmatamento
praticamente se manteve".
"Esse diagnóstico
não foi demandado por nenhum órgão",
esclareceu o gerente do Sipam em Manaus, Luciano
Laybauer. "É um trabalho pró-ativo,
que pode servir de subsídios para ações
governamentais".
A zona urbana de Manaus
corresponde a apenas 4% da área total
do município, mas concentra sua população
estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) em 1,8 milhão
de pessoas. "A população
da cidade cresceu 120% nos últimos
20 anos", afirmou Nogueira. "Mas
não se pode culpar o migrante pela
degradação ambiental. Todos
temos nossa parcela de culpa e podemos, também,
contribuir para a solução desse
problema".
A coordenadora de Áreas
Protegidas da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente de Manaus, Rosana Subirá,
lembrou que a maioria dos fragmentos de área
verde da cidade estão isolados. "A
gente está trabalhando com o conceito
de corredores ecológicos. Precisamos
integrar essas áreas, na medida do
possível, para garantir o fluxo gênico
[o deslocamento dos animais]".
Ela afirmou ainda que a
maior parte da vegetação nativa
remanescente na cidade se localiza em propriedades
privadas. "Por isso incentivamos a criação
de reservas particulares do patrimônio
natural, um modelo de unidade de conservação
previsto em lei", justificou. "Conseguimos
que a primeira fosse criada neste ano, pela
empresa Moto Honda, com caráter perpétuo".
O Sipam planeja fazer um
acompanhamento contínuo do desmatamento
na área urbana de Manaus. No próximo
ano, serão analisadas as imagens de
satélite referentes a 2005 e 2006.