23/06/2006
- Montevidéo (Uruguai) – Os uruguaios
cobraram uma posição do Brasil
sobre a disputa entre a Argentina e o Uruguai
sobre a construção de duas fábricas
de celulose às margens do rio Uruguai,
que divide os dois países. Os argentinos
chegaram a bloquear pontes para protestar
contra a situação. O governo
argentino afirma que o país vizinho
violou acordos internacionais que regulam
a exploração do rio. Também
alega que as fábricas ameaçam
o meio ambiente. O Uruguai se defende justificando
que os projetos seguem os padrões internacionais
e vão proporcionar empregos e investimentos
na região.
"O bloqueio de pontes
não é um problema bilateral
entre Argentina e Uruguai. É um problema
de caráter internacional que afeta
o livre trânsito, que é uma norma
clássica do Mercosul", disse o
ministro das Relações Exteriores
do Uruguai, Reynaldo Gargano, durante entrevista
coletiva hoje (23) ao lado do chanceler brasileiro
Celso Amorim.
Entre fevereiro e março,
manifestantes argentinos bloquearam por 45
dias o trânsito entre a cidade argentina
de Gualeguaychú e a uruguaia de Fray
Bentos, principal ligação entre
os dois países. Kirchner e Vasques
concordaram com a paralisação
das obras por 90 dias, para inspeções
rigorosas sobre os riscos de poluição.
A crítica também
partiu do ex-chanceler uruguaio e atual senador
pelo Partido Nacional, Sérgio Abreu.
"O Partido Nacional não viu com
bons olhos a indiferença do Brasil
nos conflitos com a Argentina. Quando se recorre
ao Mercosul, tem que ser recorrido em tudo.
Não é possível esquecer
o Mercosul para essas coisas e relembrar a
existência do Mercosul para outras",
disse no Congresso, em Montevidéu.
O senador ainda comentou
a negociação bilateral do Uruguai
com outros países, entre eles os Estados
Unidos. "É importante ter uma
flexibilidade nas negociações
com outros países. Uma flexibilidade
que nos permita transitar para uma melhor
inserção comercial com outros
países e não somente com os
Estados Unidos. Temos que assumir as assimetrias
e terminar com a hipocrisia", criticou.
O Brasil já comentou algumas vezes
que não vai interferir na discussão,
porque seria um tema bilateral.