28/06/2006
- Brasília - O superintendente do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) no Espírito
Santo, Ricardo Vereza, disse hoje (28) que
aguarda o resultado de uma vistoria, marcada
para sexta-feira (30), a fim de avaliar o
desmatamento na área de preservação
permanente localizada no Vale do Jacutinga,
no estado.
No último dia 16,
a empresa Aracruz, produtora de celulose,
foi acusada de ter causado a queda de árvores
nativas em 3,5 hectares da área, de
onde retirou eucaliptos. "Vamos fazer
um levantamento do corte de madeira nativa
e a partir daí poderemos avaliar se
autuaremos a empresa", afirmou Vereza.
Ele informou que a Aracruz tinha uma autorização
de 2001 para retirar eucaliptos na floresta
que já pertenceu à Vale do Rio
Doce, desde que o corte fosse seletivo, apenas
de árvores com valor comercial.
Na época, acrescentou,
a empresa fazia o corte individual de eucalipto
com motosserras, mas hoje usa tratores: "A
autorização não vale
mais, considerando que a entrada das máquinas
em áreas de preservação
permanente destrói toda a vegetação
natural existente e degrada a região".
De acordo com o diretor
de Sustentabilidade e Relações
Coorporativas da Aracruz, Carlos Alberto Roxo,
o documento do Ibama não mencionava
corte seletivo, apenas autorizava a retirada
dos eucaliptos. "Mas assumimos nossa
responsabilidade e já apresentamos
um projeto para restaurar a mata nativa da
área", disse. O prejuízo,
acrescentou, é só em uma área
de um hectare: "Após a denúncia,
fomos ao local e verificamos a queda de espécies
nativas, retiradas sem a intenção
e contra a política da empresa de preservar
a mata".
A denúncia contra
a Aracruz foi feita pela comunidade de Jacutinga,
no interior de Linhares (ES). A madeira foi
apreendida e as atividades, embargadas pelo
Ibama após a detecção
de desmatamento. A Aracruz divulgou nota afirmando
que o plantio de eucalipto nessa área
foi feito antes de 1989, pela antiga proprietária,
e aprovado pelo então Instituto Brasileiro
de Desenvolvimento Florestal (IBDF, atual
Ibama).
A nota informa ainda que
a legislação na época
estabelecia uma faixa de cinco metros de largura
ao longo de cursos d'água com menos
de 10 metros de largura. Em 1989, esse limite
foi ampliado para 30 metros e os eucaliptos
passaram a ocupar área de preservação
permanente. O Ibama autorizou o corte para
que as espécies nativas da região
se regenerassem naturalmente.
Milena Assis