29/06/2006
- Brasília - O ministro Cezar Peluso
do Supremo Tribunal Federal (STF) define como
"sede de vingança coletiva"
a prisão temporária do fazendeiro
Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão,
acusado de ser um dos mandantes do assassinato
da missionária norte-americana Dorothy
Stang. O ministro concedeu hoje habeas corpus
ao fazendeiro. E considera que a "gravidade
do crime" não é motivo
para a prisão.
O acusado estava preso desde
o dia 14 de fevereiro, dois dias após
o assassinato da freira. Em seu voto, Cezar
Peluso argumentou ainda que a prisão
preventiva não pode ser utilizada como
"antecipação de pena".
Segundo o ministro, "o clamor público
não é cláusula legal
que enseja a prisão cautelar. Considero
a prisão preventiva absolutamente ilegal",
concluiu o ministro determinando a soltura
imediata de Regivaldo Pereira.
Há dois meses, o
fazendeiro Amair Feijoli da Cunha, conhecido
como Tato, confessou ter encomendado a morte
de Dorothy e foi condenado a 18 anos de prisão.
Os dois executores do assassinato, Rayfran
das Neves e Clodoaldo Batista, disseram que
Tato ofereceu R$ 50 mil pela morte da missionária.
Rayfran, assassino confesso, foi condenado
a 27 anos e Clodoaldo Batista foi condenado
a 18 anos.
Além de confessar
seu crime, Tato apontou Regivaldo e Vitalmiro
Bastos de Moura, o Bida, como os mandantes.
Explicou que eles encomendaram a morte porque
Dorothy havia denunciado "Bida"
e "Taradão" por crime ambiental.
A missionária norte-americana
Dorothy Stang trabalhava há mais de
30 anos com pequenas comunidades pelo direito
à terra e a exploração
sustentável da Amazônia. Ela
foi assassinada no dia 12 de fevereiro, em
uma estrada de terra, próxima ao município
de Anapu (PA).
Alessandra Bastos