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PARÁ CONHECE A SUA LISTA DE ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Panorama Ambiental
Belo Horizonte (MG) – Brasil
Junho de 2006

Belém, 30 de junho de 2006 — Após dois dias de trabalhos, pesquisadores de diversas instituições nacionais finalizaram a primeira lista de espécies de plantas e animais ameaçadas de extinção do Pará. Entre as mais de 700 espécies que foram avaliadas, 176 estão ameaçadas de extinção, sendo que onze foram consideradas ‘criticamente em perigo’, 40 ‘em perigo’ e 125 ‘vulneráveis’.

As espécies consideradas ameaçadas são classificadas em três categorias decrescentes de ameaça: ‘criticamente em perigo’, ‘em perigo’, e ‘vulneráveis’. Estas categorias seguem as determinações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), organização mundial que estabelece as diretrizes e os critérios para a elaboração das listas de espécies ameaçadas.

O Pará é o sétimo Estado brasileiro a elaborar a sua Lista de Espécies Ameaçadas e o primeiro da Amazônia a refinar de forma precisa o grau de risco dessas espécies. A formulação desta Lista é um dos resultados do Projeto Biota Pará, uma parceria do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) com a organização ambientalista Conservação Internacional (CI-Brasil). Esse trabalho está sendo desenvolvido desde 2003, quando as duas instituições começaram os estudos na região de Belém, o setor mais desmatado da Amazônia.

Ima Vieira, diretora do MPEG, assinala que o resultado obtido demonstra a importância para o país da pesquisa sobre biodiversidade e da organização e manutenção das coleções biológicas. A ecóloga avalia que a participação do Museu na formulação de políticas públicas neste momento equivale a dois episódios históricos anteriores – quando o MPEG foi decisivo na disputa pela anexação do Amapá ao território brasileiro e na atuação pela demarcação de terras indígenas na Amazônia. O Museu é a instituição que coordenará o Núcleo de Monitoramento responsável pela atualização permanente da Lista Vermelha, em assessoria ao Governo do Pará.

“Este trabalho não seria possível se não contássemos com equipes qualificadas buscando dados novos sobre as espécies no campo e contribuindo para a organização de acervos dinâmicos. Esse esforço cria um novo paradigma no qual informações biológicas acondicionadas de forma a preservar dados históricos e ecológicos ao longo dos 140 anos de história institucional continuam tendo uma importância para o cotidiano e a sociedade. Esta é uma política institucional de uso de dados em aproximação com os problemas atuais da Amazônia que resulta cada vez mais em impactos positivos no desenvolvimento da região”, explica Vieira.

José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de ciência da CI-Brasil, ressalta o processo para a definição das espécies da lista. “Considero como um modelo para o Brasil, pois envolveu análises rigorosas da distribuição das espécies ameaçadas, uma estimativa da perda de habitat para cada espécie, um processo amplo de consulta com toda a sociedade e uma articulação institucional muito forte. Para isso a liderança institucional do Goeldi foi fundamental”. Silva disse ainda que a importância dos dados sobre as espécies é fundamental para se definir políticas públicas coerentes para a conservação da biodiversidade do Brasil.

Alexandre Aleixo, coordenador da Lista Vermelha, do MPEG, enfatiza a importância da parceria de outras instituições como a dos pesquisadores envolvidos nas análises e da Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará (Sectam), garantindo que o trabalho técnico de formulação da Lista se transforme em política pública, ao oficializá-la.

Raimundo Moraes, presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente do Pará, parabeniza o empenho da pesquisa em formular a Lista para oferece-la como subsídio ao Governo do Estado do Pará. Moraes completa que “o trabalho vai servir para diminuir a ignorância, mas salta aos olhos e incomoda saber que ainda não há informações sobre fungos”.

As espécies avaliadas estão distribuídas nos seguintes grupos biológicos: aves, répteis e anfíbios, mamíferos, invertebrados, peixes e plantas superiores. Conheça os resultados para cada um destes grupos:

• Mamíferos: Das 91 espécies avaliadas, quinze estão ameaçadas de extinção, sendo que três ‘criticamente em perigo’ – Cebus kaapori (macaco cairara), Trichechus manatus (peixe-boi marinho) e o Chiropotes satanas satanas (cuxiú-preto). Outras duas espécies são consideradas ‘em perigo’ e dez ‘vulneráveis’. Os pesquisadores destacam como um dos principais fatores de ameaça para as espécies de mamíferos terrestres a perda de habitats, principalmente as florestas intactas. Enrico Bernard, gerente do Programa Amazônia da CI-Brasil, alerta, ainda, para o risco do chamado "efeito cascata", quando o desaparecimento de uma espécie pode levar à perda de outras.

• Aves: Das 198 espécies avaliadas, 28 estão ameaçadas de extinção, sendo uma, o bicudo (Spororophila maximiliani), considerada ‘criticamente em perigo’. Dez espécies foram classificadas como ‘em perigo’ e dezessete como ‘vulneráveis’. “Este bicudo ocorre numa área sob forte pressão, o sudoeste do Estado, em um dos eixos de desenvolvimento do Pará, e é uma espécie muito visada pelo comércio ilegal de aves”, explica o biólogo Alexandre Aleixo, coordenador do projeto Biota Pará e pesquisador do Museu Goeldi.

• Plantas: Das 151 espécies vegetais avaliadas, os cientistas concluíram que 53 estão ameaçadas de extinção. Entre elas, duas estão ‘criticamente em perigo’, dez ‘em perigo’ e 41 ‘vulneráveis’. Entre as espécies vegetais mais ameaçadas, estão uma bromélia (Aechmea eurycorymbus) e uma asterácea (Monogereion carajaensis), ambas raras e de distribuição muito restrita. Importantes espécies com valor comercial como o Cedro, ‘em perigo’, ou a Castanheira e o Mogno, ambas ‘vulneráveis’, também constam da lista. Existem ainda 58 espécies que, por apresentarem deficiências de informação, não puderam ser devidamente classificadas pelos pesquisadores. Assim como a perda de habitats, a falta de informações também é extremamente prejudicial para a conservação das espécies.

• Invertebrados: Nesta categoria estão incluídos alguns dos grupos mais diversificados do planeta, como os insetos. Isto representa um desafio, pois além do grande número de espécies, há uma enorme carência de pesquisadores que estudem todos eles. Desta forma, o grupo de trabalho analisou apenas uma parcela de espécies, incluindo 189 aranhas (69 ameaçadas, 2 ‘em perigo’ e 9 ‘vulneráveis’), 41 borboletas (10 ‘em perigo’ e 4 ‘vulneráveis’), 5 moluscos (2 ‘em perigo’ e 1 ‘vulnerável’), um besouro e dois crustáceos, todos ‘vulneráveis’.

• Peixes: 29 espécies estão ameaçadas de extinção, sendo 7 ‘criticamente em perigo’. Entre as espécies ameaçadas estão raias, cações, como o Isogomphodon oxyrthynchu (Cação-Quati/ Bico de pato), e peixes de água doce de distribuição restrita. As principais ameaças sobre os peixes são a pesca excessiva ou acidental, a captura de espécies para a venda e criação em aquários e a construção de grandes barragens, como a de Tucuruí no rio Tocantins.

• Anfíbios e répteis: Os pesquisadores avaliaram 75 espécies e 16 são consideradas ameaçadas (3 ‘em perigo’ e 13 ‘vulneráveis’). Assim como ocorreu para as plantas, a maior parte das espécies não pôde ser precisamente classificada em função da falta de informações básicas sobre sua distribuição, biologia e tamanho populacional.

Para ser oficializada, a lista será agora encaminhada à Sectam, órgão que fará sua homologação.

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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