7 de Julho de 2006 - Monique
Maia - Brasília - Um novo golpe para
facilitar o transporte ilegal de madeira no
Mato Grosso foi descoberto pela Operação
Curupira, realizada pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Secretaria de Meio Ambiente do Mato
Grosso (Sema) e Polícia Federal (PF).
De acordo com esses órgãos,
os madeireiros agora falsificam a guia eletrônica
criada há um ano para certificar a
legalidade do carregamento. O coordenador
de fiscalização do Ibama no
Mato Grosso, Lesly Tavares, explica que as
guias são retiradas várias vezes
e acabam passando pela fiscalização.
Teoricamente, uma vez que
a guia fica registrada no posto de fiscalização,
o madeireiro não poderia passar no
mesmo local com a mesma guia. “Para isso,
existem muitas possibilidades, eles alteram
a placa do caminhão e utilizam guias
frias”, conta Tavares.
As guias possuem um código
de barras, digitado nos postos de fiscalização.
Por meio de computadores e internet, o código
deve corresponder ao que aparece na tela do
computador. As fraudes aconteceram em lugares
que não possuem estrutura física
e acesso à internet.
“Durante o processo de fiscalização,
o veículo é parado para apresentar
a documentação com o código
de barras, mas ele não poderá
ser lido porque ainda que disponhamos de equipamentos
para fazer a fiscalização existem
lugares que ainda não possuem cobertura
celular. As fraudes enquadradas são
em cima do trecho que sai da floresta e seguem
até a madeireira”, explica o coordenador
do Ibama.
As guias são autorizações
usadas para o transporte de carga. Segundo
o coordenador, a retirada do documento é
inteiramente eletrônica. O madeireiro
se cadastra e passa por um processo de regulamentação
da empresa. Depois, ganha uma senha para solicitar
e retirar as autorizações para
o transporte da madeira.
Ao final do processo, o
madeireiro tem direito a um crédito.
A partir dele, podem ser feitas compras e
vendas de madeira. Nessa operação,
são emitidas guias que comprovam a
origem do produto.
A operação
Curupira instalada no Mato Grosso, no ano
passado, para fiscalizar ações
de madeireiros aplicou, em 2006, R$ 155 milhões
em multa, apreendeu cerca de 45 mil m³
de madeira ilegal e embargou 54 mil hectares
por desmatamento. Os resultados correspondem
às bases de Alta Floresta, Sinope e
Vila Rica.
Os dados da base Aripuanã
ainda não foram consolidados. A unidade
foi a última a ser instalada e passou
a operar no inicio de junho As quatro bases
foram reativadas neste ano para ajudar a fiscalizar
todo o processo de desmatamento, indo da derrubada
das árvores até o transporte
da madeira.