14/07/2006
- A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
participou nessa sexta-feira (14), em Manaus,
da abertura do simpósio "Religião,
ciência e meio ambiente", cujo
tema é Amazonas, fonte de vida. Em
seu pronunciamento,a ministra destacou a importância
de se ter uma visão multidisciplinar
na busca de respostas para os principais desafios
na área ambiental. O simpósio,
segundo ela, é uma oportunidade para
isso. "Estamos aqui para dizer que Ciência
tem alma e que fé tem cabeça",
destacou.
Marina Silva disse ficar
feliz ao ver, participando do encontro, pessoas
que têm grande contribuição
a dar em relação ao que está
sendo feito no Brasil. "Temos a maior
parte da Amazônia, vamos trabalhar para
que, com soberania, possamos, cada vez mais,
ajudar e ser ajudado a salvaguardar o que
considero a parte mais bela parte do planeta",
prosseguiu.
Em seu discurso, a ministra
salientou a participação social
na construção das políticas
ambientais brasileiras. Como exemplo, citou
o Sistema de Detecçãode Desmatamento
em Tempo Real (Deter). De acordo com ela,
tanto comunidades locais e tradicionais, como
a comunidade científica, pediam mais
transparência na fiscalização
do desmatamento.
Ela lembrou que, hoje, o
sistema permite que qualquer pessoa acompanhe
o avanço do desmatamento, por meio
de imagens fornecidas pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE). O sistema faz
parte do Plano de combate ao desmatamento,
elaborado por 13 ministérios, implantado
em março de 2004 pelo do governo federal.
A ministra também
destacou que a Amazônia abriga a primeira
estrada planejada com cuidados socioambientais:
a BR 163. "Antes da pavimentação,
foram demarcadas as terras indígenas
e foram criados oito milhões de hectares
em unidades de conservação",
lembrou.
O evento de Manaus reúne
cerca de 200 cientistas, teólogos,
líderes religiosos, ambientalistas,
representantes de organismos internacionais,
chefes indígenas e jornalistas de todo
o mundo. Os debates acontecem em barcos, que
navegarão pelas águas do rio
Amazonas. Eles partem de Manaus e seguem para
visitar pontos de interesse ambiental às
margens do rio,durante seis dias, encerrando
a viagem no próximo dia 20.
O simpósio da Amazônia
é o sexto da série, e o primeiro
a acontecer fora da Europa. Ele é organizado
pela ong Religião, Ciência e
Meio Ambiente, com o co-patrocínio
do secretário-geral das Nações
Unidas, Kofi Annan. Conta com a participação
do Patriarca Bartolomeu I, líder espiritual
de 250 milhões de cristãos ortodoxos
gregos. O Patriarca Bartolomeu é conhecido
no cenário internacional por sua atuação
na defesa do meio ambiente. Ele é o
principal incentivador do simpósio.
Na abertura do simpósio,
o Patriarca Bartolomeu I destacou a necessidade
de se preservar a Amazônia. Em sua opinião,
nenhum outro lugar no mundo reflete, com tanta
transparência como a amazônia,
a criação de Deus e as escolhas
que devem ser feitas. O papa Bento XVI mandou
mensagem agradecendo a iniciativa de proteção
ao meio ambiente no Brasil.
O objetivo do evento é
discutir os desafios ambientais e as questões
éticas relacionadas à proteção
do meio ambiente. Os participantes irão
visitar reservas ambientais e comunidades
locais. No dia 16, os líderes religiosos
farão a benção das águas
dos rios Solimões e Negro, no encontro
das águas.
Durante a abertura
do simpósio, foi anunciado que o governo
grego oferecerá duas bolsas de estudos
para que alunos brasileiros façam um
curso na área ambiental na Grécia.
Marluza Mattos