Manaus (17/07/06) - O presidente do Ibama,
Marcus Barros, classificou o simpósio
“Religião, Ciência e Meio Ambiente”
como um marca significativa para a proteção
da Amazônia. O evento internacional,
que reúne religiosos, cientistas, ambientalistas
e representantes de comunidades tradicionais
durante uma semana na região amazônica,
é uma promoção da Igreja
Cristã Ortodoxa, do Vaticano, da Coroa
Inglesa, dos governos federal e estadual do
Amazonas.
“Esta mobilização extensa ultrapassa
ideologias e contribui para a política
ambiental. A Amazônia ganha mais proteção”,
afirmou Barros, após participar no
último domingo da cerimônia de
Benção das Águas do Rio
Negro e do Solimões, no ponto em que
se encontram e formam o rio Amazonas, na costa
de Manaus (AM).
A Benção das Águas foi
uma cerimônia ecumênica, conduzida
pela autoridade mais respeitada da Igreja
Cristã Ortodoxa, o Patriarca Bartolomeu
I, pelo presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil, dom Geraldo Magela,
e pelo pajé Raimundo, da etnia Desana.
O ritual ocorreu numa plataforma ancorada
no meio do rio, onde um grupo seleto de convidados
teve acesso – entre eles, Marcus Barros, a
secretária de Coordenação
da Amazônia do Ministério do
Meio Ambiente, Muriel Sarogoussi, a secretária
de Estado de Ciência e Tecnologia do
Amazonas, Marilene Corrêa da Silva Freitas,
o secretário estadual de Meio Ambiente,
Virgílio Viana.
A poucos metros de distância, nove
barcos perfilados acompanharam a cerimônia.
Um deles trazia os 45 jovens dos oito países
da bacia amazônica e da Guiana Francesa
que participam da Expedição
Conhecendo a Amazônia - Caminhos de
Orellana, promovida pela Organização
do Tratado de Cooperação Amazônica
(OTCA).
O “ritual de purificação” foi
aberto pelo pajé, que evocou o espírito
de seus ancestrais, contou história
da criação dos homens, pediu
proteção a todos seres vivos
e elementos (árvore, folhas, pedras,
vento, nuvens....) e terminou dizendo: “as
doenças que o homem branco não
cura, eu curo”.
Em seguida, outros líderes religiosos
manifestaram-se. O patriarca Bartolomeu I
abençoou as águas do Amazonas,
ao lado de dom Geraldo Magela. Para Bartolomeu
I, a proteção do meio ambiente
é uma questão moral e espiritual
que diz respeito a todas pessoas, além
de consistir um problema de justiça
social e econômica.
Uma resposta inicial à crise ambiental,
comentou o patriarca, exige que cada um assuma
a responsabilidade de rever seus valores e
prioridades. “A persistência no atual
ritmo de destruição ecológica
não é apenas tolice, é
um pecado contra Deus e a criação”,
observou.
O patriarca conclamou as pessoas a preservarem
o mundo com humildade e generosidade, numa
perspectiva frugal e de solidariedade. “As
marcas que deixamos no nosso mundo devem começar
a ficar mais suaves.”
Sandra Sato