(19/07/2006)
- “O gerenciamento de sucesso não é
de árvores, mas de pessoas e suas filosofias”.
Foi por essa linha de pensamento que o senegalês
Moctar Touré, líder de Recursos
da Terra e da Água, do Fundo Global
para o Meio Ambiente, do Banco Mundial, conduziu
a palestra sobre o manejo sustentável
de florestas ontem, 18 de julho, no Workshop
Internacional sobre Desenvolvimento da Agricultura
Tropical, em Brasília-DF, organizado
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), em parceria com o Grupo Consultivo
em Pesquisa Agrícola Internacional
(CGIAR) e o Banco Mundial.
Segundo Moctar Touré,
a Malásia é exemplo de país
onde foram desenvolvidas políticas
eficazes de suporte ao manejo sustentável
de florestas. O sucesso delas se deve ao fato
de permitirem a obtenção de
produtos, mantendo a riqueza da flora e da
fauna da floresta. Conforme Touré,
o pagamento de incentivos de mercado e as
certificações ambientais estão
entre as melhorias que as leis podem trazer
à sociedade.
Políticas para dar
valor aos produtos da floresta são
tão necessárias quanto a aplicação
de investimento em projetos de manejo sustentável
de florestas, expôs Touré. “O
olhar mais próximo do progresso mostrou
que muito pode ser feito se as políticas
mudarem”, disse. E com relação
ao Brasil, ele comentou: “Não se trata
de problema de investimento. Acredito que
é no ambiente político que vai
se estabelecer harmonia entre objetivos de
conservação, do mercado e das
pessoas”.
Nova política e pesquisas
é o que o Brasil tem feito. De acordo
com o pesquisador da Embrapa Amazônia
Oriental (Belém-PA), José Natalino
Silva, segundo palestrante a tratar do tema
manejo sustentável de florestas no
workshop, a legislação brasileira
tem evoluído bastante nos últimos
15 anos. O avanço mais recente é
a Lei 11.284 de maio de 2006, que trata de
questões de concessão do uso
de florestas públicas e cria o Serviço
Florestal Brasileiros para administras essas
áreas.
Pesquisa e política
caminham juntas. Segundo Natalino, informações
de levantamentos feitos pela Embrapa e por
parceiros, em especial a partir da década
de 90, foram significativas na elaboração
das leis atuais. Além disso, estudos
apontaram soluções tecnológicas
para que a sociedade pudesse implementar boas
práticas de manejo de florestas previstas
em legislação.
Joanicy Brito