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de Agosto de 2006 - Rio de Janeiro - Pesquisadores
do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do
Ministério da Ciência e Tecnologia,
começaram a utilizar minhocas para
avaliar o grau de contaminação
de solos brasileiros por mercúrio e
petróleo. Implantado há seis
meses, o Laboratório de Ecotoxicologia
Aplicada à Indústria Minero-Metalúrgica
já usou minhoca no solo de um garimpo
de ouro abandonado no município mineiro
de Descoberto, na Zona da Mata.
Em entrevista à Agência
Brasil, a coordenadora do projeto, Silvia
Egler, contou que os resultados recém-obtidos
mostram que o mercúrio deixado pela
mineração em Descoberto não
chegou a matar as minhocas, mas provocou mudanças
na coloração do invertebrado.
Os testes foram realizados em parceria com
a Fundação Estadual de Meio
Ambiente de Minas Gerais (Feam/MG).
“A gente chama de efeito
sub-letal. O solo está contaminado.
Não mata, mas pode causar algum dano”,
explicou Egler. Segundo ela, a minhoca passou
a ser utilizada na pesquisa por ser considerada
um organismo-modelo ou organismo-teste. “Ela
tem grande participação na biomassa
do solo e é fácil de manter
as culturas. É a mesma minhoca usada
na produção de húmus
(adubo orgânico), que se cria no estrume.”
O Cetem está aberto
para fazer estudos de cooperação
e firmar parcerias com empresas do setor que
estejam interessadas em fornecer amostras
do solo para análise. Os pesquisadores
começaram com testes nos solos contaminados
por mercúrio, mas já estão
testando também amostras ambientais
de solos contaminados por petróleo.
Esses solos serão
fito-remediados, ou seja, serão usadas
plantas para tentar retirar das amostras o
petróleo, que é um contaminante
orgânico e permanece muito tempo no
solo. “Na verdade, o que você está
tentando solucionar é um passivo da
mineração, isto é, deixar
um resíduo da mineração
que não seja tóxico. Ou seja,
você pode utilizar aquele solo depois
para outra atividade”, ressaltou Silvia Egler.
O grupo do Cetem vai
iniciar agora outro trabalho com contaminação
por metal pesado, como chumbo e cádmio.
O experimento com minhocas para avaliação
dos efeitos da exposição do
solo a agentes contaminantes teve seu processo
de padronização internacional
iniciado a partir de 1983, quando um pesquisador
utilizou a minhoca vermelha californiana para
testar substâncias de pesticidas para
serem colocadas em uso. No ano seguinte, ela
foi padronizada para testes de substâncias
usadas em solos artificiais, que têm
areia, caulim e musgo.
Alana Gandra